28 fevereiro 2006

Nacionalismo(s) e Nação

As discussões blogosféricas sobre nacionalismo não são constantes mas mesmo assim frequentes. Como habitualmente os equívocos são mais que muitos pois cada qual tem um entendimento diferente sobre o tema.
Confesso que o facto de não ser crente dificulta a minha adesão ao tríptico "Deus, Pátria, Rei". A hierarquia a este subjacente coloca a Pátria num plano inferior ao da divindade. Se o compreendo perfeitamente à luz do papel da religião católica em toda a história de Portugal, não deixo de crer que para um nacionalista a Pátria deve vir primeiro. De outra forma poder-se-ia cair na tentação de alianças com outros países católicos com intenções menos claras a nosso respeito. Conjunturalmente pode ser bem mais benéfica para Portugal uma aliança com a India, por exemplo, que com Espanha- tudo depende dos dados de momento e das condições de afirmação da independência.
Hoje, muitos nacionalistas hesitantes ou ex-nacionalistas realçam os horrores, as arbitrariedades, as insanidades que o apego à ideologia nacionalista terá provocado. A questão que se deve pôr é se esses horrores e essas arbitrariedades são um exclusivo do nacionalismo ou se, como parece evidente, não foram apanágio de todas as ideologias no poder no século passado. A resposta positiva a esta interrogação deve-nos fazer suplantar este limiar da análise.
Para mim, qualquer reflexão sobre o nacionalismo deve ater-se, antes de mais, à essência da portugalidade: que singularidade tem a nossa Nação que lhe permitiu numa primeira fase assegurar a independência em um contexto altamente desfavorável, mantendo-a séculos a fio em contextos sempre desfavoráveis ou bastante problemáticos para a sua afirmação política e cultural.
Se, como salientava Franco Nogueira, a Nação é o quadro ideal para a afirmação das liberdades dos seus habitantes, só este factor deveria impelir os patriotas para a sua defesa integral e intransigente. A crescente integração económica e política no espaço europeu, a descolonização desastrosa e sem qualquer compensação futura para o civilizador de 500 anos, a imigração crescente e facilitada - são exemplos de ameaças actuais e gravíssimas à integridade da Nação. Tudo isto num contexto de desagregação dos valores tradicionais e enformadores da nossa essência portuguesa. Temos assim um quadro dos mais críticos para quem não desistiu de crer na viabilidade política, económica, social, cultural da pátria portuguesa.
Sendo as forças que laboram no sentido da dissolução dos traços distintivos de todas as nações extremamente poderosas e actuando as mais das vezes na sombra, torna-se o combate contra elas crítico e amiúde deixa uma sensação de impotência.
Se para encetar um caminho se deve dar um primeiro passo, há que saber que caminho é que se pretende fazer. Sendo a tradição renovada constantemente, como ensinava Sardinha, há que buscar os traços distintivos da portugalidade. Um bom exemplo dessa renovação são as relações com África: se até há trinta e um anos essas relações deviam ser estimuladas por África representar mais de 90 por cento do nosso território, hoje, apertados numa faixa de terra, deveremos pautar essas relações mais no âmbito económico, controlando os fluxos humanos provenientes de África, posto que ameaçadores da nossa identidade a médio prazo.
Também me parece difícil, como faz um confrade, encontrar pistas para o futuro de Portugal centrando a reflexão sobre filosofia política anglo-saxónica, deixando para segundo plano a tradição política nacional e os seus ensinamentos, ou raciocinando num quadro estático, alheio às mudanças em volta (de que o exemplo africano acima exposto é paradigmático).
Outros, ainda mais estrangeirados, buscam a salvação de Portugal fora das fronteiras nacionais, numa mítica Europa à qual somos em grande medida alheios. Há até movimentos neo-pagãos, tentando apagar com um traço dois milénios de cristianismo. Nada disto quer dizer que não devamos ter sólidas relações com outros países europeus, antes que não o devemos fazer abdicando da nossa independência (política e cultural - aqui, cultural em sentido amplo).
A realidade é o que é, não o que queremos que seja e não é fugindo-lhe que vamos ter um bom contributo para continuar Portugal.

27 fevereiro 2006

Demagogia barata

Será que se os assassinos do transexual portuense não fossem "uns pretitos marados ali de um centro de correcção", mas skinheads, não haveria já manifestações de desagravo, com os colectivos anti-racistas à cabeça, com o primeiro ministro a depositar uma coroa de flores sobre o túmulo da vítima, com o presidente a oferecer-nos um interminável (e intragável) discurso sobre a intolerância, o racismo, as lições do passado que se não aprendem, a necessidade de maior vigilância democrática?...
Mas apesar de não ter sido isso o que passou, certamente que a culpa não deixa de ser dos portugueses, que marginalizam os “jovens”, que lhes não dão maiores possibilidades de inserção...
Quantos aos colectivos de invertidos, será que se o assassinado fosse um skinhead promoveriam iniciativas tendentes a que os agrupamentos de cabeças rapadas tivessem maiores apoios? Que lhes fossem proporcionadas maiores oportunidades de emprego?
Que seria dos democratas profissionais e dos agitadores sinistro-extremistas sem a demagogia?

"O Insurgente" está de parabéns

O blogue “O Insurgente” comemora neste dia o seu primeiro aniversário. Não sendo grande adepto de blogues colectivos, sou leitor diário deste, com grande proveito.
Independentemente das divergências ideológicas, aprecio o espírito livre dos blogueiros daquela casa, em particular (que me desculpem os outros) do André Azevedo Alves, espírito descomplexadamente direitista, sem receios de desagradar ao politicamente correcto, o que vai sendo inabitual pelos dias que correm. O AAA alimenta ainda uma espécie de “BE Watch”, mantendo-nos a par das manigâncias dos extremistas (gabo-lhe a paciência por conseguir ler tanta sandice emanada por aquela malta).
Para quem não aprecia as matérias económicas o blogue pode por vezes desencorajar (até porque às vezes as discussões parecem ficar um pouco em circuito fechado, uma troca de ideias entre liberais). Ao mesmo tempo, as matérias culturais estão um pouco marginalizadas (fica aqui uma sugestão de melhoria).
Ironia da ironias, num blogue mais ou menos favorável à política bushista, o nome evoca irresistivelmente o que a imprensa chama àqueles senhores que andam diariamente empenhados em rebentar com oleodutos, matar polícias e população civil em geral no Iraque.
Muitos parabéns a todos os insurgentes pelo espaço de liberdade e inteligência que nos oferecem há 365 dias.

25 fevereiro 2006

Manuel Monteiro está de volta

Volta e meia ele dá notícias. Ele, é Manuel Monteiro, líder do PND e ex-líder do PP. Já nos primórdios do meu blogue disse o que achava do seu percurso político. A certa altura, Monteiro pareceu tentar agarrar-se a tudo o que lhe desse protagonismo. Os 40.000 votos do PND nas últimas legislativas foram o seu maior fiasco até agora.
Mas Monteiro sempre gostou de temas “fracturantes” (palavrão horroroso hoje muito em voga). E muitas vezes acerta nas críticas que faz. Não serei eu a lamentar que haja alguém que pretenda «a eliminação de toda a base programática e ideológica da Constituição, bem como a discussão da alteração profunda do sistema político português».
É verdade que o partido em que MM se formou politicamente, o CDS, foi o único a votar contra a Constituição da República em 1976. A AD conseguiu empurrar o Conselho da Revolução para o caixote do lixo da história, em 1982, ao passo que o PSD maioritário de Cavaco acabou com a irreversibilidade das nacionalizações, em finais dos anos 80 (!). De aí para cá as alterações constitucionais têm servido basicamente para prostituir o País, atirando-o para os braços de Bruxelas, a quem passámos a esmolar desavergonhadamente, enquanto liquidávamos alegremente os sectores produtivos tradicionais.
Mas a classe política e o dogma da «longa resistência do povo português ao fascismo», esses continuam bem defendidos na Constituição. Continuamos com um parlamento disparatadamente pletórico em termos de número de deputados, a lei eleitoral exige reforma mas ninguém se decide – e, claro, como em qualquer regime sustentado pr uma revolução, o dogma desta está logo plasmado no preâmbulo.
Aguardemos, então, para ver o resultado da démarche de Manuel Monteiro.

Tempos de Reconquista


Força, D. Mendo!

A Torre de Ramires

Destacou-se inicialmente, neste estranho mundo da blogosfera, pelos comentários pertinentes que ia deixando aqui e ali em blogues que por comodidade podemos classificar como nacionalistas. Pertinentes e encorajadores, diga-se.
Os amigos iam-no pressionando para abrir o seu próprio blogue. Motivos pessoais e (pressentia-se) alguma azelhice informática (mal de que também sofre este vosso criado) foram adiando o projecto. Meteu-se então no colectivo "Jantar das Quartas", onde pôde então deixar uns nacos da sua boa prosa, da sua cultura (nunca adejada aos quatro ventos, antes discretamente citada como sugestão aos seus leitores e sua inspiração estética).
E, inseperadamente, surge agora a solo, em "A Torre de Ramires". Falamos, claro, do nosso estimado Mendo Ramires, que assim vai contribuindo para continuar Portugal: cultural e, claro, politicamente.
Boa sorte para o projecto são os votos desta casa.

24 fevereiro 2006

Hor radio lige nu

Num dia como hoje que foi para mim uma maratona quase non-stop de despacho de trabalho (incrível como nos esfolamos a uma sexta-feira para depois poder gozar a pontezita da ordem...), tive uma grande ajuda made in Denmark: fez-me companhia durante largas horas a "DR Klassisk", emissora de música clássica. De Brahms a Mozart, passando pela monumental 7ª Sinfonia de Anton Bruckner, pelo dinamarquês Carl Nielsen e pelo genial compositor contemporâneo György Kurtag (que ouço precisamente neste momento), fruí um dia de grande música.
Fica então o conselho para os nossos amigos melómanos: venham aqui, depois escolham "DR Klassisk". Para seguir a programação deverão ver aqui.

23 fevereiro 2006

Sarajevo, 26 de Dezembro de 1992

Sarajevo, 26 de Dezembro de 1992

Querida Tia,

Não te escrevíamos há séculos porque nada, nem sequer um pássaro, podia entrar ou sair de Sarajevo. O aeroporto foi encerrado, bem como a estrada de Kiseljak, onde os combates têm sido ferozes – tudo isto significa que nem uma grama de comida entrou em Sarajevo. Parece impossível que ninguém nos ajude, não podemos acreditar. Há tiroteio por todo o lado e mesmo os que estão “do nosso lado” castigam-nos ao nada nos trazer para comer. Mas já ninguém consegue pensar com sensatez e seja o que for que venha a suceder temos que o aceitar pois não temos alternativa. Por aqui a situação não muda e o mais insuportável de tudo é que nada mexe. Estivemos sem água e electricidade durante três semanas. Foi terrível. No Verão não demos tanta importância à situação, estava calor e os dias eram longos, mas agora faz muito frio. O frio vai direito aos ossos mesmo que vistas três camisolas, três pares de meias e três pares de calças. Pessoas vagueiam como zombies, andam pela cidade mexendo em caixotes do lixo, buscando água e lenha. E já ninguém parece reparar nas explosões à nossa volta ou nas balas dos snipers, pois só uma ideia atormenta as pessoas: alimentarem-se e aquecerem-se. Todas as árvores da cidade, em todos os parques, avenidas, cemitérios, foram cortadas; assim, além de ser uma cidade bombardeada e queimada, seremos também uma cidade sem árvores. E ninguém mexe um dedo. Nos hospitais, velhos e crianças sofrem atrozmente com o frio pois não há cobertores suficientes nem mesmo para eles. É terrível, terrível. Há momentos em que penso enlouquecer e interrogo-me como é que outras pessoas arranjam forças para continuar...

Nadira

In “Letters from Sarajevo – Voices of a besieged city”, de Anna Cataldi, Element Books, 1994. (Tradução da versão inglesa: “Santos da Casa”.)

O pesadelo bósnio

Entre 1992 e 1995 morreram 200.000 pessoas na Bósnia. Locais como Sarajevo, Mostar, Tuzla, Srebrenica passaram a ser conhecidos de todos pelas piores razões. Radovan Karadzic (que fez a própria casa, em Sarajevo, ir pelos ares) foi o rosto político, Ratko Mladic o rosto militar da agressão sérvia contra a população bósnia.
O cerco a Sarajevo, que durou 43 intermináveis meses, fica nos anais da bestialidade em solo europeu. Os tristemente célebres snipers passavam o tempo a tentar atingir qualquer infeliz que passasse pelas ruas mais desabrigadas da urbe. Alguns vinham de diversas cidades da Sérvia ao fim de semana, para passar umas horas no "tiro ao bósnio". As crianças não escapavam: em uma ocasião, uma mulher que levava o filho pela mão foi atingida na perna, para não morrer de imediato; seguidamente foi a vez de o filho ser atingido, mortalmente; após darem tempo à infeliz mãe para sentir o horror da morte do filho, mataram-na de vez.
A guerra trouxe para a Bósnia os fundamentalistas muçulmanos, até aí sem qualquer importância na vida da república (tal como sucedeu na Chechénia). E pôs na lama o conceito de "nacionalismo", empregue por um punhado de bárbaros órfãos do comunismo titista e sedentos de vingança pelas agressões croatas na Segunda Guerra Mundial.

Herança cultural em ruínas

Em 25 de Agosto de 1992 a barbárie sérvia atingia um dos seus paroxismos: a destruição da biblioteca de Sarajevo. Consumidos pelas chamas foram mais de 150.000 livros raros, manuscritos e documentos do governo otomano.
O ataque à herança cultutral do povo bósnio tivera amplo sucesso.
Na noite do ataque, Aida Buturovic dirigiu-se apressadamente à biblioteca, tentando salvar o maior número possível de livros. Após ter recolhido alguns volumes dirigiu-se a casa; nunca lá chegou: morreu na sequência de uma explosão.

22 anos, um palmo de terra, uma cruz

15 segundos entre a vida e a morte

(Sarajevo, Abril de 1993.)

A RACE UNDER SNIPER FIRE
I went to work, I worked in the Head Office of the Bosnia and Herzegovina Railroad Company and every day leaving for work and coming back I had to cross an avenue. It wasn't a street, but an avenue, I don't know how many meters wide. A sniper was always shooting at that avenue, killing people, injuring them, and I thought how to cross. I stayed in between the houses. One quick glance to my watch. When the first bullet was shot I counted the seconds to the next bullet. Some 15 to 20 seconds. And so I was ready when the shot was fired to run across the avenue and I had to do it in 15 seconds. At such times the fear a person feels is incredible. The legs were dead, the muscles don't work and there's no air in the lungs. And when I arrived to the other side then I stayed there awhile to catch my breath and rest a little and the people who were hiding there and watching were happy that somebody managed to cross that fateful avenue near the 2nd Gymnasium.

Mima Tulic Kerken, habitante de Sarajevo.

22 fevereiro 2006

Descubra as diferenças


(Praça de Tiananmen, 1989.)


(Nablus, Cisjordânia, 21 de Fevereiro de 2006.)

Em grande

Prevê-se para 9 de Novembro de 2006 (aniversário da queda do Muro de Berlim!) a inauguração da maior sinagoga da Europa. O orçamento inicial (em 1999) era de 25 milhões de euros mas as estimativas actuais apontam para 57 milhões.

Fonte: Rivarol.

21 fevereiro 2006

Três anos de prisão para David Irving

Preso na Áustria em Novembro do ano passado por "negacionismo" do holocausto, David Irving foi ontem condenado a três anos de prisão por esse "crime". Numa altura em que a Europa afirma orgulhar-se da liberdade de expressão que alegadamente proporciona, esta sentença vem claramente mostrar um dos limites dessa liberdade, dando inteira razão ao presidente iraniano nesta matéria.
O arrependimento de Irving, que agora diz crer que «os nazis assassinaram milhões de judeus», soa a falso, parecendo uma manobra para evitar uma sentença pesada (a pena máxima para esta "crimideia" é de dez anos na pátria de Adolf Hitler) - e não deixa o historiador com muito boa imagem.
Por muito atordoadas que andem as opiniões públicas no Ocidente, começa a ser evidente que há uma intenção clara de impedir qualquer investigação histórica sobre a II Guerra Mundial sem conclusões pré-determinadas conformes aos cânones oficiais. E é natural que todos se interroguem: se o holocausto é um facto, porque é que há tanto zelo em que se não questione o que quer que seja sobre o tema? Quem é que beneficia com o tabú? Que estado se erigiu sobre essa verdade oficial? Que povo é que acaba sempre por beneficiar de alguma benevolência à mínima invocação da tragédia de que terá sido vítima?
E as coincidências não têm fim. Pouco tempo depois de Sharon ter feito a sua visita provocatória à Explanada das Mesquitas, em Setembro de 2001, que gerou a Segunda Intifada e contribuíu para a chegada ao poder do carniceiro de Sabra e Chatilla, é premiado no Festival de Cinema de Cannes "O Pianista" de Roman Polanski (que também recebeu o Oscar de Hollywood como realizador - recebeu mas não in loco, sendo um foragido à justiça americana desde 1978), n-ésima película sobre o sofrimento do povo eleito.
O argumento é sempre o mesmo: como ousam criticar um povo que sofreu tanto? E esta chantagem moral é de uma eficácia a toda a prova. A Alemanha há-de expiar até ao fim dos dias pelo crime, as crianças germânicas aprendem desde tenra idade o que fizeram os seus antepassados recentes, os museus holocáusticos abrem sem cessar, as compensações financeiras a Israel fluem regularmente, os jovens alemães esterilizam-se voluntariamente aos milhares por impressionante falta de auto-estima. E, claro, plasmam-se em leis as verdades oficias sobre a II Guerra Mundial. Nem os crimes de que foi alvo a população civil alemã durante o conflito mundial parecem interessar aos próprios alemães.
Neste contexto, é mais que evidente que os limites claros à liberdade de expressão na Europa têm muitos interesses associados. Que nada têm a ver com a preocupação de rigor histórico - para isso existe investigação, não leis.

20 fevereiro 2006

Manipulação de imagens

É evidente que a sobreposição de «imagens de Mariano Rajoy num programa sobre os vexames e torturas de Abu Grahib» não é um erro técnico mas sim uma manipulação soez e grosseira dessas imagens, de modo a tentar denegrir o líder da oposição espanhola.
E esta "habilidade" da televisão de Estado ao serviço do PSOE não é virgem. Há cerca de vinte anos, à imagem de um golo do então famosíssimo Emilio Butragueno sobrepôs-se a sigla PSOE. Outro erro técnico.

Brandão de Pinho nomeia Brandão de Pinho...

... com base em quatro artigos de diversos decretos-lei, conforme se pode aqui verificar.

19 fevereiro 2006

Homenagem a Rodrigo Emílio na SHIP

Ontem decorreu, no Salão Nobre da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, mais uma sessão de homenagem a Rodrigo Emílio, no dia em que o poeta, se ainda estivesse entre nós, cumpriria 62 anos.
Mais uma? De acordo com José Campos e Sousa, esta foi a melhor, A sessão de homenagem. Abrilhantado por excelentes alocuções, o tributo ao “poeta que se vestiu de soldado” (e não mais despiu a farda) foi de facto memorável.
José Luís Andrade pronunciou umas breves palavras sobre Rodrigo, falando do seu feitio difícil mas de como acabava por cativar todos os que com ele conviviam. Mencionou o seu espírito inquieto, sempre pronto a fazer alterações de última hora em projectos literários. De como tinha estima por autores tão pouco da sua área política, como Joaquim Pessoa ou Ary dos Santos. O director da SHIP fez ainda justiça ao nosso amigo Nonas, grande impulsionador desta iniciativa.
O grande poeta António Manuel Couto Viana leu dois poemas do seu novo livro, em que homenageia Rodrigo Emílio. Escusado dizer a emoção que perpassou pela sala, que teve o seu momento de maior silêncio e, diria, deferência para com o interventor. (Aliás é de lamentar que, ao contrário de homenagens anteriores, desta feita as conversas privadas fossem muitas e os toques de telemóvel marcassem insuportável presença.)
O Eng. Francisco Ferro teve uma intervenção emotiva, explanando porque é que a expressão “poeta do desastre” nada se adequa ao perfil de Rodrigo. Ocasião para zurzir o 25 do 4 e toda a corja de intrujões e vende-pátrias que nos vêm governando.
José Carlos Craveiro Lopes, avisando de antemão que não sente ter especiais dotes oratórios, teve uma intervenção meritória, focando aspectos mais pessoais da vida do poeta, deixando água na boca a quantos não assistiram à intervenção de Rodrigo aquando do processo MAN, em que terá arrasado a assembleia jurídico-democrática.
Luís António Serra divertiu-nos a todos com a sátira da locomotiva democrática, a que se seguiu uma curta alocução de Vasco Barata.
As intervenções tiveram o seu epílogo com o nosso estimadíssimo Bruno Oliveira Santos, que abordou as influências sofridas por Rodrigo Emílio (de Sá de Miranda ao próprio pai), numa demonstração de conhecimento das várias escolas e épocas literárias mas sem qualquer afectação de “erudito”, antes com o seu estilo directo e a sua linguagem que, não cedendo em rigor, é acessível e especialmente comunicativa. Falou o emérito autor do “Nova Frente” do estilo emiliano, de como mesclava elementos que muito deviam à tradição mas também à poesia mais vanguardista do século XX, tudo para demonstrar como, apesar de tantas e variadas influências, a poesia de Rodrigo permanece um monumento de originalidade incatalogável. Esta intervenção do Bruno foi a mais aplaudida de todas. Justo.
A concluir a sessão de homenagem, José Campos e Sousa brindou-nos com algumas canções de sua autoria com poemas de Rodrigo. O som infelimente não estava famoso, soando a voz do cantor algo roufenha. Mas a sua musicalidade tudo suplanta e tivemos a felicidade de escutar um tema que em várias sessões ainda não tínhamos ouvido: não fixei o título mas fala dos militares menos militares que... militantes. Uma delícia. Tempo ainda para escutarmos António Rangel com a sua pungente gaita de foles em “Azul Lusíada”.
Passou-se então à mesa, decorrendo o repasto (e convívio enriquecedor e estimulante) nas cantinas medievais do vetusto palácio (que a presente direcção tem vindo pacientemente a recuperar). Entre tanta gente de valor, cultura, afabilidade e sentido de humor, se passaram algumas horas demasiado curtas.

17 fevereiro 2006

Nova lei da nacionalidade

E lá foi aprovada a nova lei da nacionalidade, com votos favoráveis do Bloco Central e PCP e abstenções por parte de CDS-PP e BE e ainda de três deputados do PSD.
Não é muito habitual ver o PCP alinhar com o PSD numa votação, mas, dada a questão em apreço, na verdade tal não surpreende. Já o BE (Bloco Estrangeiro) proclama que "ainda não é suficiente" o avanço no sentido de facilitar (palavra mágica da modernidade) a obtenção da nacionalidade.
Todo impante, do alto da sua suficiência característica, o primeiro-ministro não perdeu tempo a comemorar a passagem da lei em conjunto com 12 associações de imigrantes, declarando que o diploma está «na boa tradição universalista de Portugal». Apesar de ficarmos com curiosidade em saber em que poderá consistir a "má tradição universalista de Portugal", não deixa de ser espantoso que um indivíduo que é eleito para governar um país se gabe de passar leis que servem a "universalidade" e não propriamente os interesses nacionais. Claro que para toda uma plêiade de personalidades imbuídas de espírito maçónico, aquela confunde-se com este, ou melhor, este submete-se àquela. Apesar de, como lamentam os exaltados da ponta esquerda do hemiciclo, não se ter ido mais longe: ainda não é desta que qualquer um que nasça em território nacional se torna acto contínuo português. Mas a estratégia dos avanços progressivos e de "mais um passo" não desapareceu das mentes de muitos. É aguardar.
Algumas das críticas do CDS-PP são pertinentes mas é sintomático que o partido não tenha votado contra. Se em 1975 quase toda a gente tinha horror de ter alguém à sua esquerda, hoje tem-se horror a que se seja chamado "xenófobo" ou, pior, "racista". E é neste receio que a palavra "abstenção" assume todo o seu significado.

Eles vêm aí!?

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16 fevereiro 2006

Tão amigos que nós somos

Um alto funcionário norte-americano confidenciava à "Time" desta semana que uma das consequências da polémica sobre os desenhos alusivos a Maomé foi uma união da Europa e dos EUA como não se vira ainda desde que Bush chegou à presidência.
Será também uma consequência que aquilo que se pode entender como um endurecimento da posição francesa sobre o "caso nuclear" iraniano venha pela boca do seu ministro dos Estrangeiros, que sempre mostrou a maior compreensão e amizade para com a comunidade judaica gaulesa, sendo mesmo um dos maiores zeladores da perseguição a tudo o que se assemelhe a um comportamento suspeito de anti-semitismo?
O próprio declara, no seu estilo atabalhoado: «pela primeira vez em vários dias (sic) a comunidade internacional está unida: não só os europeus - França, Alemanha, Reino Unido - como também a Rússia e a China» (a retórica gaullista não o mostra mas nas entrelinhas percebe-se que os EUA também estão incluídos no grupo).
Um efeito sem dúvida pouco colateral da polémica dos cartoons.

Auto de fé

Em 16 de Fevereiro de 1773 D.José ordenava que fossem queimados os registos cadastrais dos cristãos-novos e abolidos os atestados de sangue.

15 fevereiro 2006

Terrorismo e amnésia

O caso português, bem lembrado pelo "Tomar Partido".

E.U. sucks!

Ainda há europeus com brio!
Os habitantes do arquipélago de Alland prometem fazer história. Esta região, que pertence à Finlândia e é habitada maioritariamente por pessoas de origem sueca está farta de Bruxelas e das suas regulamentações obsessivamente harmonizadoras. Primeiro, perdeu o direito a pescar com redes tradicionais; depois, a tradicional caça aos patos foi também proibida; e, agora, é o também tradicional snus, o tabaco de mascar da região, que promete seguir o mesmo caminho.
Alland é uma região autónoma com um estatuto que lhe permite vetar tratados internacionais, portanto também todo e qualquer tratado emanado de Bruxelas. O que os seus bravos 26.000 habitantes ameçam pôr em prática. E muito bem.

Estradas da paz

14 fevereiro 2006

Enquanto só se fala em cartoons...

Uma organização israelita de direitos humanos, B'tselem, acusa o governo israelita de ter, de facto, anexado o vale do Jordão, limitando severamente o movimento da população palestiniana nessa zona oriental da Cisjordânia.
A medida afecta cerca de 200.000 pessoas, incluindo-se neste número camponeses aos quais é vedado o acesso às suas próprias terras de cultivo.
Mais um entre muitos exemplos da discricionaridade israelita no trato com a população palestiniana, revelando o seu maior desprezo por esta. O argumento terrorista, neste caso, não colhe de todo, pois não houve mais que cinco atentados na área nos últimos seis anos.
Entretanto, outra notícia que não aparecerá nas primeiras páginas dos “jornais de referência”: uma mulher de origem palestiniana foi assassinada pela soldadesca israelita com um tiro no peito, em Gaza; a tropa reportou “movimentos suspeitos” junto à fronteira.

O número que diz tudo


30.000: número de funcionários chineses que asseguram a censura da internet 24 horas por dia, 7 dias por semana.
"With a little help from my friends" (Microsoft, Yahoo, Google).

13 fevereiro 2006

Ignorância é força

Quem leu “1984” de George Orwell não se esqueceu certamente que uma das máximas do regime do Grande Irmão era “Ignorance is Strength”.
Na era da informação e da educação “para todos”, o sistema democrático, e em especial o português, terá todo o interesse em dar como anacrónica (benzendo-se com zelo ateu e democrático) essa máxima, típica dos “regimes fascistas e totalitaristas”.
As nossas sociedades democráticas gostam de se gabar da liberdade de expressão que alegadamente proporcionam. Bastou o caso das caricaturas de Maomé para se perceber perfeitamente que essa liberdade tem como limite o poder de reivindicação de uma minoria (comunidades de imigrantes muçulmanos), de uma comunidade “barulhenta” (muçulmanos de todo o mundo, uni-vos!), ou de quem efectivamente domina os meios da comunicação dita social.
Certos períodos históricos têm já, em alguns países (democratíssimos), a sua “verdade” plasmada em letra de lei, com castigos severos para quem dela ousar duvidar. Certos assuntos, mesmo sem se chegar ao extremo referido, têm uma “forma oficial” de serem abordados: seja pela caricatura de regimes caídos em desgraça, seja pela táctica bem leninista da mentira muitas vezes repetida, seja pela ocultação de factos que a serem conhecidos pelo comum dos mortais os levaria a ver com outros olhos políticas tidas geralmente como ignominiosas. O uso de adjectivos a preceito também serve às mil maravilhas o propósito de denegrir.
Um exemplo característico disto mesmo é a educação. Todos “sabem” que Estado Novo rima com analfabetismo; é uma daquelas máximas que não permite discussão, factos são factos… Não interessa que o regime tenha tido que fazer face a uma história passada, a gerações e gerações de famílias que viviam do amanho da terra em condições tantas vezes precárias e que não davam azo a que os mais novos pudesem ter estudos.
Também não interessa que se tenham criado escolas em todos os rincões nacionais. E muitos menos outros factores (aqui bem lembrados) que, a serem conhecidos, fariam olhar com outros olhos a política de educação do Estado Novo (que ninguém está a afirmar que era perfeita).
Vivendo hoje os políticos do sucesso no “campeonato dos papelinhos” a que chamamos eleições, cabe-lhes vender o seu peixe com a demagogia necessária para alcançar o seu desiderato. Interessa-lhes massas esclarecidas? Com bom nível de educação? Com espírito crítico? É claro que não – não parece estarmos num cenário muito diferente daquele que Eça retratava por exemplo em “O Conde de Abranhos”. Quanto menos esclarecidos os eleitores, quanto mais manietados por preconceitos e quão menos imunes à argumentação demagógica, melhor se sentem os políticos na sua pele.
As somas impressionantes dedicadas pelo orçamento de Estado para as despesas de educação não se traduzem de forma alguma na melhoria da qualidade desta, em um maior nível de exigência, numa maior qualidade do corpo docente. E mesmo neste delírio despesista sem qualquer conformidade com resultados, ainda se decide encerrar escolas em locais mais ou menos recônditos, «por motivos orçamentais». Já se sabe que nenhum Sr. Ministro terá que obrigar os seus rebentos a acordar com as galinhas, que isso é coisa para afectar “meia dúzia de rurais”. Assim, sempre sobram mais uns cobres que permitem que se não ponham em causa certos privilégios de quem “serve o povo”.

11 fevereiro 2006

Face-lift

Dado que desde Novembro este blogue está alojado nos US of A, e como este é o país das plásticas, não resisti a efectuar um face-lift ao template. O anterior, à força de querer ser integralmente azul, parecia-me demasiado pesado e pouco convidativo à leitura.
Esperemos que a adopção desta linha clara atraia mais os leitores (é para eles que o blogue existe) e lhes canse menos a vista.

A amnésia de Bush

Poderá o escândalo Abramoff, o judeu ortodoxo apanhado num esquema de corrupção que envolvia advogados e funcionários da Administração, repercutir sobre o próprio Bush? Este, certamente embaraçado por ter recebido na Casa Branca o agora réu, alega que de nada se lembra. Apesar do que as diversas fotografias tiradas a ambos revelam da frequência dos seus encontros.
Abramoff terá sido convidado para visitar o rancho de Bush em Crawford, no Texas, mas, como não pode viajar aos sábados, declinou o convite. O motivo para este convite foi a contribuição de Abramoff para a reeleição do presidente: 100 mil dólares.
O esquema de financiamento das campanhas eleitorais nos EUA é um convite permanente à corrupção, à promiscuidade de interesses, à promoção de políticas que favoreçam directamente os financiadores – enfim, é um sistema instituído de corrupção em larga escala.
Há uns tempos até o Washington Post relatava que os membros do Congresso atendiam chamadas e prestavam atenção aos requerimentos dos seus constituintes consoante estes fossem financiadores mais ou menos generosos. O que indicava, segundo o Post, o grau de corrupção e degradação do sistema político americano.

10 fevereiro 2006

Rodrigo Emílio homenageado na SHIP

E já que mencionamos Rodrigo Emílio, oportunidade para lembrar que o poeta que faleceu há quase dois anos vai ter mais uma homenagem na Sociedade Histórica da Independência de Portugal, em Lisboa, no próximo dia 18 de Fevereiro, sábado, pelas 18 horas.
Poderemos contar com a participação sempre estimulante, evocativa e pungente de José Campos e Sousa. Haverá igualmente alocuções de Francisco Ferro, José Carlos Craveiro Lopes, Luís António Serra, Vasco Barata e do nosso amigo Bruno Oliveira Santos.
Para quem queira prolongar o convívio, há jantar nas instalações da SHIP, pela módica quantia de 15 euros por pessoa (carece de marcação, pelo contacto ahnonas@mail.telepac.pt).
Entretanto - como o tempo passa - cumpriram-se já dez meses sobre a anterior homenagem a Rodrigo Emílio, igualmente na SHIP, que agora lembramos.

Solidão

Ao Camisanegra, pelos dois anos (e três dias) de vida do seu blogue:


Solidão
é o fermento
do pão
que me dá sustento.

Rodrigo Emílio, "Reunião de Ruínas", Edições A Rua.

(Com um abraço para o Paulo, que me ofereceu este volume praticamente inencontrável.)

Desânimo

Lamenta-se o nosso amigo BOS de ver na blogosfera «camaradas mal-avindos. Os de ontem, os de hoje, os de amanhã. Uma dor de peito.» Eu próprio me lamentei em tempos - numa altura difícil em que até coloquei a hipótese de parar com o “Santos da Casa” - das « polémicas estéreis e por vezes mesquinhas que abundam pela blogosfera». Ao que o mesmo BOS, com a acutilância habitual, ripostou, encorajando-me:
« Neste meio umbiguista e livre, todos sentimos de vez em quando o mesmo. A uns, como o FG Santos, apetece-lhes dar folga ao teclado por estarem fartos das "polémicas estéreis e por vezes mesquinhas que abundam pela blogosfera"; a outros, como eu, por não haver polémicas estéreis e mesquinhas que nos bastem.
«Ah!... Todas as polémicas são estéreis e mesquinhas. Sendo feitas por homens, de que estava à espera o FG Santos?! E dizer que as polémicas são estéreis e mesquinhas, sei-o bem, é polémico e estéril e mesquinho.
«Da discussão só nasce a luz se houver um interruptor por perto. O mais é andar por cá, armados em bloguistas de 'referência', distribuindo porrada à esquerda e à direita. Como dizia o nosso Céline, "já sinto espasmos de alegria com os nossos inimigos, só à conta de sonhar com o seu massacre..."»
Venho então por este meio recomendar-lhe (a ele e a todos aqueles que sentem o mesmo desânimo) que atente nas suas próprias palavras. Que não desaprenda a lição que em boa hora me deu.

08 fevereiro 2006

Ligações de Bilderberg à publicação dos desenhos anti-islâmicos?

«MERETE ELDRUP, managing director of company that published the anti-Islamic cartoons in Denmark (JP/Politikens Hus) is married to ANDERS ELDRUP, who has attended the last FIVE Bilderberg meetings.
«She is a former Head of Secretariat at the Ministry of Economic and Business Affairs and Deputy Director of the Danish Energy Authority.
«She must be a useful contact for her husband. He is chairman of DONG, the big State-owned energy company ('Danish Oil and Natural Gas'), which will soon be privatised.
«Interestingly, a previous editor-in-chief of 'Politiken', another of JP/Politikens Hus's newspapers, namely Toger Seidenfaden, was also a long-time Bilderberger.»

(Fonte.)

07 fevereiro 2006

Ofensa aos muçulmanos (II)

Muito se tem especulado sobre qual o verdadeiro móbil da publicação dos 12 desenhos ofensivos para com o profeta Maomé, já aqui abordada.
Hoje de manhã falei com um amigo dinamarquês. Quarentão, é daqueles esquerdistas cheios de ilusões sobre a natureza humana; até viveu, nos anos 70, numa comunidade vagamente hippy. É ferozmente anti-discriminação e para ele o actual governo dinamarquês é direitista até à moela. Fez-me uma resenha dos factos, desde a publicação dos cartoons em Setembro até à polémica actual. Tudo começou com uma autora que pensou ilustrar um livro, supostamente não ofensivo, sobre o Islão. Não encontrou desenhadores dispostos a isso. O Jyylands Posten tentou então testar os limites da liberdade de expressão, fazendo a já bem conhecida encomenda dos 12 desenhos. A comunidade muçulmana local protestou e pressionou o governo no sentido da não divulgação dos referidos desenhos, coisa que este recusou por atentar contra a liberdade de expressão. A referida comunidade fez então um périplo de 11 países onde a mesma confissão é maioritária. A bola de neve foi crescendo até ao ponto actual.
Para os adeptos das teorias da conspiração, o timing é perfeito para os interesses sionistas, dada a recente vitória do Hamas - permitir aos muçulmanos expressarem o seu alegado radicalismo, perdendo apoio ocidental e levando a uma maior indiferença face às exacções israelitas (nos últimos dias regressaram os famigerados assassinatos selectivos nos Territórios Ocupados). Argumentam inclusivamente que os donos do jornal são judeus (o mais que consegui apurar foi que o chefe de redacção, Carsten Juste, não tem um ar especialmente evocativo de alguma ancestralidade viking).
Como em muitas questões em que os judeus estão envolvidos, haja ou não conspiração por detrás de certos factos, estes desenrolam-se como se aquela efectivamente existisse. E é evidente para os muçulmanos que há dois pesos e duas medidas no dito mundo livre no que à liberdade de expressão diz respeito: pode-se satirizar as mais profundas convicções de quase todas as comunidades, mas há uma que é eleita para ser poupada a esses ultrajes.

06 fevereiro 2006

Outro 6 de Fevereiro
















Não só o 6 de Fevereiro de 1945 é data aziaga para os nacionalistas (franceses e não só). A 6 de Fevereiro de 1934, em Paris, uma manifestação que agrupava diversas tendências nacionais (as ligas: Jeunesses patriotes de Pierre Taittinger, Faisceau de Georges Valois, Action française de Charles Maurras, Croix de feu do coronel de La Roque, Francisme, Solidarité française, bem como associações de antigos combatentes) dirige-se à Assembleia Nacional. Ao tentar passar a Pont de la Concorde a guarda dispara sobre a multidão, liquidando 22 manifestantes.
O 6 de Fevereiro de 1934 simbolizou com toda a força da tragédia o protesto sincero dos patriotas perante a deliquescência do regime parlamentar, perante a corrupção generalizada e será sempre recordado como uma data de vitalidade da reacção nacional. Curioso que poucos anos depois já Brasillach notava um decréscimo no número dos que ainda participavam nas cerimónias evocativas: «Chaque année la foule diminue, parce que les patriotes français sont oublieux par nature.» E acrescentava: «Mais si le 6 [février] fut un mauvais complot, ce fut une instinctive et magnifique révolte, ce fut une nuit de sacrifice, qui reste dans notre souvenir avec (...) son espérance invincible d’une Révolution nationale, la naissance exacte du nationalisme social de notre pays.» (“Notre Avant Guerre”, cap. IV)

Novo Horizonte

(Dedicado ao Viriato.)

NOVO HORIZONTE

«Os ensinamentos que a frente nacionalista nos tem facultado, a experiência que temos vindo a adquirir na batalha das ideias, levaram-nos a considerar indispensável para alcançar os nossos objectivos políticos e sociais, promover imediatamente uma total reconversão da nossa táctica, uma reorganização mais centralizada das nossas actividades, com vista à unificação numa Vanguarda de Combate de todos os jovens que militam isoladamente pelos ideais do Império e da Revolução.
Na realidade, nós somos muitos; o que acontece é que não temos consciência da nossa importância numérica pelo simples facto de não actuarmos em ligação uns com os outros, enquadrados num único movimento, estruturando de modo a permitir a rápida mobilização e acção conjugada dos jovens nacionalistas que presentemente combatem obscura e isoladamente.
A dispersão das nossas forças é um factor de desagregação muito prejudicial para a continuidade da Revolução de que somos herdeiros e militantes.
Se queremos efectivamente impor os nossos Ideais, integrar toda a Nação no espírito revolucionário que anima o nosso nacionalismo, aniquilar definitivamente os elementos corrosivos que ameaçam o Estado, temos logicamente de iniciar esta pesada tarefa de saneamento político agrupando numa frente única todos os jovens nacionalistas, todos os camaradas que perfilham os nossos princípios, pondo de parte as querelas de grupos e de pessoas, sacrificando generosamente à causa que defendemos tudo quanto possa desunir-nos.
Não podemos admitir transigências ideológicas nem consentimos, sob o pretexto da «unidade», cedências quanto à doutrina política. Mas, em contrapartida, pensamos que a unidade de pensamento, considerada fundamental, deve traduzir-se, no campo da acção política, por uma camaradagem cada vez mais forte e profunda a que devem ser sacrificadas sem reservas as inimizades pessoais, as rivalidades de capelas que dificultam a marcha da Revolução.
Um novo horizonte depara à nossa frente, o combate que agora iniciamos, na sequência das lutas ideológicas que já enfrentamos, pressupõe um estudo doutrinal mais profundo, para debater serenamente as teorias políticas e sociais com vista à elaboração de uma nova Ideologia, revolucionária pelas suas manifestações, mas inspirada nos princípios fundamentais da nossa tradição nacional.
Temos, pois, de pensar o que os nossos precursores defenderam instintivamente, de criar princípios orientadores da nova política portuguesa. É uma tarefa muito vasta que consiste na discussão de todas as ideias políticas, na crítica de todos os programas doutrinários, que encontre soluções para os grandes problemas contemporâneos.
Cumpre-nos levar a cabo esta missão, com serenidade e entusiasmo, na certeza de que a nossa juventude constitui uma garantia de pureza e de lealdade.
Que a Divina Providência ampare os nossos esforços e proteja a nossa ofensiva juvenil em prol do Maior Portugal!»

Luís Fernandes

In "Agora", n.º 332, 25 de Setembro de 1967.

Presença de Brasillach

«Decididamente, não adianta. É assim todos os anos e já não serve de nada, de nada vale tentar passar em claro por cima da data. O 6 de Fevereiro, marcado como vem pelo estigma de um crime que não esquece, acorrentado e indesligavelmente grudado, e vinculado, desde logo, à memória de um nome que sempre ocorre, segue a revelar-se, na edição de cada ano que passa, uma jornada inapagávelmente trágica e altamente gloriosa também. Faz anos - já agora cinquent'anos, aparados e certinhos («Comme le temps passe...»), - que a França, por ditame de certo abominável Senhor das Gálias, denominado Charles De Gaulle ( - e que pelo nome e lindas obras não perca...!), mandou abater a tiro um dos maiores poetas franceses, digo: um dos artistas literários europeus mais bem dotados de todos os tempos. Faz anos que Robert Brasillach, na passada de Chénier, viu o seu destino confiado a um pelotão de fuzilamento.
«O poeta laborara num crasso erro de estimativa: cometera ele a suprema imprudência de se colocar da banda dos vencidos, de tomar partido no lado mais ingrato. «(...) notre seul mérite est d'avoir choisi». Só que Brasillach tinha escolhido justamente «le mauvais côté». A escolha que fez, a posição que firmou, autenticou-as com o sangue. Com o sangue veio a pagar a temeridade e impopulariedade das opções assumidas.»

Rodrigo Emílio

Perante a morte

«Se eu tivesse tido vagar, concerteza que escrevia com este título a história dos dias em que vivi na cela dos condenados à morte, em Fresnes. Diz-se que não se olha de frente nem para o sol nem para a morte. Mas eu, por mim, tentei. Não tenho nada de estóico e custa muito arrancarmo-nos ao que amamos. Tentei, no entanto, não deixar uma imagem indigna àqueles que me viam ou pensavam em mim.
Os dias, sobretudo os derradeiros, foram ricos e plenos. Eu já não tinha muitas ilusões, sobretudo depois que soube da rejeição do meu pedido de indulto, rejeição que eu previ, aliás. Terminei o pequeno estudo sobre Chénier e escrevi ainda alguns poemas. Uma das minhas noites foi má e, de manhã, ainda eu velava. Mas nas noites a seguir dormi muito calmo. Nas três últimas noites, reli a narrativa da Paixão, todos os serões, em cada um dos quatro Evangelhos. Rezei bastante e era a oração, bem o sei, que me dava um sono calmo. De manhã, o sacerdote vinha trazer-me a comunhão. Eu pensava com doçura em todos aqueles que eu amava, em todos aqueles que encontrei na minha vida. Pensava, com desgosto, no desgosto deles. Mas tentava, o mais possível, aceitar.»

Robert Brasillach, 6 de Fevereiro de 1945.

Brasillach sobre árabes e judeus

«(...) l'impression réellement considérable qu'a faite auprès des Arabes et des Berbères l'arrivée au pouvoir de M. Blum. On vous l'a sans doute dit, ma chère Angèle, mais il importe d'avoir entendu cet étonnement même plus scandalisé, cet étonnement douloureux, de gens pour qui il est parfaitement impensable, comme disent les philosophes, d'être commandés par un personnage de la race élue. Libre à vous, ma chère Angèle, de tenir l'antisémitisme pour un préjugé, et je ne désire pas de pogrom. Mais ni vous ni moi n'empêcherons que les Arabes n'aiment pas les Juifs.
On m'a raconté une petite histoire assez significative. Dernièrement, il y a eu un match de football à Fès entre une équipe de soldats de la Coloniale, et une équipe composée à peu près uniquement de Juifs. Après le match, quelques soldats, fort excités, et même légèrement éméchés, sont passés par le Mellah, qui est, comme vous le savez, la ville juive. Ils ont discuté ferme avec quelques Israélites, et une petite bagarre a commencé. Bagarre sans importance, avec une douzaine de figurants, et telle qu'il s'en produit souvent après le sport. Mais, voyant cela, quelques Musulmans rentrèrent aussitôt chez eux, et, quelques minutes après, le quartier arabe le plus proche se déversait dans le Mellah. Sans rien savoir de l'incident, les Musulmans avaient pris fait et cause pour les soldats, et si l'on n'avait pu établir un barrage de police assez rapide, un massacre général aurait commencé. Je ne vous donne pas cela comme une solution, mais il me semble que les dignes professeurs en tournée auraient tort de négliger des faits de ce genre. Les beaux discours des moralisateurs n'y changeront rien. Il faut prendre les pays comme ils sont.»

"Je Suis Partout", 20 de Março de 1937.

Fuzilado há 61 anos


















Robert Brasillach, 31 de Março de 1909 - 6 de Fevereiro de 1945.

05 fevereiro 2006

A ofensa aos muçulmanos

(Protestos em Gaza, ontem.)
Não concordo com a violência que muçulmanos de todo o mundo estão a utilizar como forma de protesto pela publicação de desenhos ofensivos sobre Maomé em jornais dinamarqueses, noruegueses e franceses, pelo menos – mas compreendo-a.
Sempre achei que a liberdade, e em particular a liberdade de expressão, deve ter limites. Muitas vezes estes confinam com questões de bom senso, como não ofender as crenças de outrem (o que é diferente de as discutir), valores e símbolos pátrios, etc.
Também sei que muitos imigrantes muçulmanos se comportam nos países de acolhimento com uma arrogância que só por si justificaria a expulsão. Mas, no caso em apreço, a maior contestação dá-se efectivamente em países muçulmanos.
A Europa parece divertir-se muito quando se goza com os símbolos cristãos (na base da qual está a própria Europa, unificada por uma crença comum, que delimitou durante séculos a própria fronteira do continente), galardoando obras como "A Última Tentação de Cristo" ou "Je Vous salue Marie". Não digo que não deva ser permitido produzir essas obras mas o contraste entre a bonomia com que elas são encaradas e a sensibilidade à flor da pele sempre que supostamente se ofende uma minoria é gritante, numa demonstração de masoquismo impressionante das nossas sociedades. E se formos falar em certas "crenças" históricas, sobre as quais até nem é permitido fazer uma abordagem minimamente crítica, então temos bem uma ideia de como os europeus desistiram de defender os seus próprios valores, a sua própria liberdade, numa palavra: a sua dignidade. Coisa de que os muçulmanos, por meios aceitáveis umas vezes, condenáveis noutras, nunca desistirão. E é isso que também está em causa com toda esta polémica.

Sobre o espírito da Reforma

Ao ler a passagem seguinte, pensei em qual seria a reacção dos nossos amigos Sarto e Rafael à leitura da mesma:

«Assim falava, ou pelo menos, assim pensava, segundo os seus conhecimentos imperfeitos, um homem cheio de zelo, confundindo os interesses especiais da cristandade com as pretensões extravagantes e mal fundadas da Igreja de Roma, que ele defendia com um calor digno de uma melhor causa. (...)
«Na verdade, apesar das dúvidas que lady de Avenel pudesse ter concebido secretamente, sobre algumas das doutrinas professadas pela Igreja de Roma; se bem que ela, provavelmente, tivesse recorrido deste cristianismo corrompido para o livro sobre o qual foi fundado o cristianismo, ela no entanto, fora regular na observância dos seus deveres de religião, não levando, talvez, o escrúpulo ao ponto de se separar da comunhão. Tais foram, com efeito, os sentimentos dos primeiros reformadores que pareciam dispostos a evitar um cisma até que pela violência do Papa ele se tornou inevitável.»

Walter Scott, “A Lenda da Dama Branca” (“The Monastery”), cap. VIII.

03 fevereiro 2006

A subversão

Uma coisa há que reconhecer à esquerda: a persistência. Já nos anos 30 do século passado um deputado maçon francês lançava, tonitruante e ameaçadoramente: «Familles, je vous hais» («Famílias, odeio-vos»). Marx e Engels, no "Manifesto do Partido Comunista"(1848) diziam (citação de memória): «Acusam-nos de querer acabar com a família? Sim, confessamo-nos culpados desse crime».
Entre a táctica selvagem e sanguinária de um Pol Pot, que separou filhos de mães e pais (estes destinados ou à morte imediata ou a trabalhos forçados), cumprindo "à bruta" o bruto objectivo marxista, e os discípulos de Gramsci, que, lenta mas decididamente, trataram de se infiltrar em todas as áreas da cultura, da política, da educação, e que foram minando o sistema familiar dito burguês, influenciando opiniões, tornando com o tempo aceitáveis propostas que fariam corar de indignação qualquer pacato cidadão até há bem poucas décadas, está bem de ver quem é que ficou em condições de impor duradouramente a sua agenda ideológica plenamente subversiva das tradições culturais ocidentais.
Os subversivos, que odeiam o Ocidente e pretendem demolir, alicerce a alicerce, tudo o que se não coadune com os seus sinistros projectos utópicos, sabem que o que hoje é inaceitável amanhã passará a tolerável e depois de amanhã será encarado como normal. A cada "peça" do seu programa que mais se aproxime desta última situação (quando o anormal se tornou normal) cabe o epíteto "avançado"; é assim que as sociedades que podemos classificar como mais permissivas não são caracterizadas por este último e reaccionário epíteto mas por o de "avançadas", precisamente. As "outras", são as mais atrasadas, retrógadas, reaccionárias.
Para um jovem de sangue na guelra, martelado da escola à televisão, dos livros ao cinema, por esta forma de ver o mundo, a opção é natural. Mesmo que seja anti-natural. Como dizia a letra de uma música de um grupo "prá frentex", «being against Nature / is part of Nature too».
Mas também sabemos que a Natureza, lentamente ou não, reage às agressões de que é alvo. Veremos se essa "reacção" chega a tempo de se evitar uma tragédia.

A incapacidade da Administração Bush

Leitura recomendada para os nossos amigos: «Bush's Brezhnev period», por Sidney Blumenthal, onde se demonstra a incapacidade da Administração Bush para conseguir aquilo a que se propõe como grandes desígnios: o combate ao terrorismo, a promoção da democracia pelo mundo, a diminuição do peso dos radicais islâmicos um pouco por todo o mundo.
Excertos:
«When he came into office he rejected diplomatic outreach to then President Mohammad Khatami and the so-called reform elements, and then rejected feelers from the Iranian mullahs for assistance in dealing with the Taliban and al-Qaida and for an overall settlement of U.S.-Iranian differences. He utterly miscalculated the increased influence of Iran as a consequence of the Iraq war. On the eve of the Iranian election last year, Bush denounced extremist candidate Ahmadinejad, predictably inciting support for him.»
«By his repeated denunciations of "radical Islam" in his speech, Bush cast his "war on terror" as a religious crusade, fitting exactly the perspective of al-Qaida and al-Qaida-like sects and providing the basic motivation for suicide terrorism (...)».
Na mesma linha de análise, mais um texto de Pat Buchanan: «Put Hamas On Probation».
Excertos:
«Neoconservatives see the world as they wish it to be, not as it is. Like teenagers, they act on impulse and rail against the counsel of experience.»
«If we and the Europeans cut off aid, and Israel refuses to remit to the Palestinians the taxes they collect, the Palestinians will be put through hell for voting the wrong way. The Arabs will call us hypocrites who believe in elections only if they produce the results we demand.
And who could say they are wrong?
What will Hamas do? They are not going to disarm in the face of an Israeli military that has been killing Palestinians—collateral damage, of course—at four times the rate that Palestinians have been killing Israelis. They are not going to give up their trump card and recognize Israel’s right to exist before they get a Palestinian state.»

Ena pá, 2000!

Discretamente, em Maio de 2005 apareceu "O Misantropo Enjaulado". Semanas depois, o facto era anunciado pelo nosso amigo Duarte. A partir daí travei contacto diário com o blogue do Paulo, mago da blogosfera que já tive entretanto o prazer de conhecer e com quem partilho muitas convicções políticas e estéticas.
Falei em contacto diário. E é mesmo diariamente que o "Misantropo" nos traz prosa nova (e também sempre poesia escolhida a dedo entre os 19.000 volumes que ameaçam desmoronamento em casa do nosso amigo), numa demonstração de vitalidade inaudita entre os que mantêm blogues isoladamente (mais de 7 postais diários em média!).
Sabendo que raramente quantidade representa qualidade, temos o nosso estimado Paulo como excepção que confirma a regra.
Parabéns!

02 fevereiro 2006

Nelson Buiça no "Santos da Casa"

O Nelson, visado no postal anterior, já me levou a escrever dois postais sobre a sua pessoa e as suas ideias, o que não é normal. Releiam-nos (e aos comentários respectivos) que vale a pena:
- “Nelson Buíça, liberalismo e o que mais se há-de ver”
- “Aventuras de Nelsinho no Bairro do Al-Arido”
Sem esquecer um instantâneo, em rigoroso exclusivo, do blogueiro de Vinhais em pleno deserto do Negev

Lápis Azul

Este blogue, que conta já com quase 16 meses de existência, não tem como prática a censura de comentários. Já recebi diversos a contrapor opiniões minhas, algumas vezes veementemente, mas isso nunca foi motivo para os apagar.
A única vez que isso sucedeu foi ainda quando estava hospedado no "Weblog Portugal" e o motivo foi pela intenção de me ofender directamente, não a opinião em si.
Hoje tivemos a segunda ocorrência: um dos mais prolíficos comentadores, não só deste blogue como de muitos outros, Nelson Buiça, reagiu mal a um comentário do nosso amigo ACJA, retorquindo-lhe com uma ofensa directa. Podem ver aqui a consequência: «This post has been removed by the blog administrator.» Podia ter optado pelo "Remove completely" mas preferi deixar rasto da minha acção, pois a limpeza da história de factos desagradáveis, como se não tivessem existido, fica para todos os estalinistas em sentido lato.
Note-se que o que está em causa não é o uso de palavrões, é apenas a ofensa pura e simples. Posto isto, a caixa de comentários continua aberta a todos, e naturalmente ao Nelson (cujo blogue está nos meus "Recomendados" desde a primeira hora), sem "mediações" nem nenhum dos artifícios que o Blogger oferece para filtrar as opiniões alheias.

Notícias na hora

Neste momento, as notícias em destaque na "Yahoo UK" são as seguintes:
· Bomb blast near Beirut army barracks
· Gunmen surround EU office in Gaza protest
· Dutch parliament facing vote on Afghan troops
· Iran's Ahmadinejad shrugs off threat of isolation
· Four killed in new Afghanistan suicide attack
Encontram um denominador comum entre todas elas, directo ou indirecto? Para mim, ele rima com o personagem de banda desenhada que se reproduz abaixo...

01 fevereiro 2006

Terrorismo e liberdade de expressão

Nick Griffin, líder do BNP, e Mark Colett, do mesmo partido, estão a responder em tribunal pelo crime de “race hate“, ou seja, crime de ódio racial. Isto porque ambos terão proferido, num comício, palavras susceptíveis de ofender minorias étnicas residentes no Reino Unido.
Este é mais um dos muuitos exemplos que a actualidade nos oferece de tentativas por parte do sistema político e/ou judicial de calar vozes que clamam contra a imigração desregrada e todos os problemas sociais que ela acarreta.
Um desses problemas é, sem dúvida, a presença de imigrantes em solo europeu potencial ou efectivamente promotores do terrorismo. Mas vá lá fazer-se a associação entre uma coisa e outra, é tribunal pela certa.
O que é certo é que o problema do terrorismo existe e Tony Blair, numa ofensiva que inclui a proposta de implementação de bilhetes de identidade, tentou passar um projecto de repressão de sites na internet que promovam o terrorismo. Em mais uma magnífica expressão de independência de voto (compara-se com o “carneirismo”, vulgo disciplina de voto, vigente entre os nossos parlamentares) a Câmara dos Lordes limitou a amplitude da lei, como se pode comprovar aqui. Já se sabe que quando se inicia uma vaga repressora, alegadamente com muito boas intenções, é difícil parar (o objectivo muitas vezes é precisamente não parar), algo a que os britânicos são particularmente sensíveis. Um exemplo: se, o que todos desejamos não suceda, ocorrer um crime contra um imigrante, é fácil pegar num discurso ou parte dele por parte de um membro do BNP e acusar este de... promoção do terrorismo e, em última análise, de responsabilidade moral pelo crime.

Triste 1 de Fevereiro













Há 98 anos cumpria-se mais uma etapa da desagregação do nosso país. A propaganda trazida pelos soldados napoleónicos foi o vírus que alastrou sobretudo nos meios urbanos, espalhando a semente revolucionária. O liberalismo foi o recurso da burguesia bem pensante para a sua ascensão social e política. O Rei ficava remetido a um papel não totalmente figurativo mas fortemente condicionado pelas politiquices de Lisboa e pelas rivalidades inerentes ao rotativismo. O serviço à Nação era cada vez mais um anacronismo.
A propaganda revolucionária, apoiada numa mais que discutível benevolência das autoridades perante ataques de uma gravidade extrema ao Chefe de Estado, foi minando os já de si enfraquecidos alicerces do regime. «Quand les peuples cessent d'estimer, ils cessent d'obéir» dizia Rivarol. E esta máxima teve enorme expressão no nosso país.
Quando os assassinos roubam a vida a D. Carlos I e ao Príncipe Real D. Luís Filipe sabem que estão a empurrar a Nação para o regime republicano. Foi uma pedra na construção desse regime e uma pedra tumular para a Pátria. No cortejo fúnebre de D. Carlos e D. Luís Filipe vai também (mais) um pouco de Portugal.

Cinco manias

O meu amigo Paulo desafiou-me a participar numa brincadeira que consiste em cada «bloguista participante (…) [ter] de elencar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue».
Embora não me agradem exercícios muito reveladores da minha personalidade, também não vem mal de maior ao mundo (blogosférico) deixar aqui algumas das minhas manias:
1 – Quando pretendo ouvir música clássica tento assegurar as máximas condições de silêncio possíveis. Caso essas condições não existam, prefiro não ouvir nada.
2 – Quando vou ver um jogo do meu Belenenses escolho sempre roupa azul.
3 – Quando edito um postal no meu blogue releio-o umas duas ou três vezes até ter a certeza de que ao teclar não deixei um erro ortográfico que seja. (A propósito, caro Paulo, verifica lá o “banner” do teu blogue…).
4 – A arrumação de discos e livros em minha casa obedece às seguintes regras:
4.1 Discos: por ordem rigorosamente alfabética de autor. Assim, é-me mais fácil localizar o que pretendo ouvir.
4.2 Livros: de literatura, por ordem de país de origem e, dentro desta, por ordem alfabética do autor; de história, por época histórica (o que às vezes origina que obras de um mesmo autor estejam espalhadas por várias épocas).
5 – Antiquado ou não, é-me impossível passar por uma porta à frente de um representante do sexo feminino.
Posto isto, os desafiados (não se aceitam baldas!) são os seguintes:
- BOS;
- Pedro Guedes;
- JSM;
- Corcunda;
- O Velho da Montanha.