21 fevereiro 2006

Três anos de prisão para David Irving

Preso na Áustria em Novembro do ano passado por "negacionismo" do holocausto, David Irving foi ontem condenado a três anos de prisão por esse "crime". Numa altura em que a Europa afirma orgulhar-se da liberdade de expressão que alegadamente proporciona, esta sentença vem claramente mostrar um dos limites dessa liberdade, dando inteira razão ao presidente iraniano nesta matéria.
O arrependimento de Irving, que agora diz crer que «os nazis assassinaram milhões de judeus», soa a falso, parecendo uma manobra para evitar uma sentença pesada (a pena máxima para esta "crimideia" é de dez anos na pátria de Adolf Hitler) - e não deixa o historiador com muito boa imagem.
Por muito atordoadas que andem as opiniões públicas no Ocidente, começa a ser evidente que há uma intenção clara de impedir qualquer investigação histórica sobre a II Guerra Mundial sem conclusões pré-determinadas conformes aos cânones oficiais. E é natural que todos se interroguem: se o holocausto é um facto, porque é que há tanto zelo em que se não questione o que quer que seja sobre o tema? Quem é que beneficia com o tabú? Que estado se erigiu sobre essa verdade oficial? Que povo é que acaba sempre por beneficiar de alguma benevolência à mínima invocação da tragédia de que terá sido vítima?
E as coincidências não têm fim. Pouco tempo depois de Sharon ter feito a sua visita provocatória à Explanada das Mesquitas, em Setembro de 2001, que gerou a Segunda Intifada e contribuíu para a chegada ao poder do carniceiro de Sabra e Chatilla, é premiado no Festival de Cinema de Cannes "O Pianista" de Roman Polanski (que também recebeu o Oscar de Hollywood como realizador - recebeu mas não in loco, sendo um foragido à justiça americana desde 1978), n-ésima película sobre o sofrimento do povo eleito.
O argumento é sempre o mesmo: como ousam criticar um povo que sofreu tanto? E esta chantagem moral é de uma eficácia a toda a prova. A Alemanha há-de expiar até ao fim dos dias pelo crime, as crianças germânicas aprendem desde tenra idade o que fizeram os seus antepassados recentes, os museus holocáusticos abrem sem cessar, as compensações financeiras a Israel fluem regularmente, os jovens alemães esterilizam-se voluntariamente aos milhares por impressionante falta de auto-estima. E, claro, plasmam-se em leis as verdades oficias sobre a II Guerra Mundial. Nem os crimes de que foi alvo a população civil alemã durante o conflito mundial parecem interessar aos próprios alemães.
Neste contexto, é mais que evidente que os limites claros à liberdade de expressão na Europa têm muitos interesses associados. Que nada têm a ver com a preocupação de rigor histórico - para isso existe investigação, não leis.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Quem costumava falar em cangas e palas!?
Quem era, quem era?
Ele deve estar aí a chegar.


Legionário

21 fevereiro, 2006 12:04  
Blogger vs said...

Cheguei!

Pela n-ésima vez manifesto o meu repúdio por toda e qualquer perseguição e/ou prisão baseada no delito de opinião.
É abjecto.

A cena de Irving a 'retroceder' (independ fez-me lembrar o que fizeram a Galileu ou a Giordano Bruno.

Naturalmente, não estou minimamente de acordo com as 'folclóricas' e extravagantes teses do sr.Irving mas não defendo, de maneira alguma a sua censura, quanto mais a prisão.

Nenhum dos revisionistas (seja lá o que for que andem a rever) deve ser censurado, muito menos preso.
Só assim, em plena freiheit, é que se poderiam confrontar teses, ideias, opiniões e provas.

Quando defendo a liberdade de expressão defendo-a em quaisquer circunstâncias e para todos...para mim, para o FG Santos, para o legionário, para o sr.Irving, para o Ahamdi-não-sei-o-quê e, até, para o sr.N'Bongo Botelho.
(Ainda por cima, tudo isto é contraproducente, como se vê.)

Defendo-a para todos, inclusivé para os que se estivessem no 'poleiro' (faxxos*, comunas e derivados) a retirariam imediatamente e oprimiriam os povos.
Não quero cangas e palas nem para mim nem para o Irving, por maiores que sejam os eventuais disparates que o sr. diga

O BOS tem uma 'tese' que defende que desde 1989 e do infortúnio que devastou o comunismo as Democracias começam a estar....menos democráticas.
É mau.


*Fascismo:doutrina esotérica baseada em 'visões' e 'oráculos'.
Está para os ZZ Top de Triers como os iogurtes estão para o leite.
A principal diferença em relação ao marxismo consiste no facto de, aquando de comícios ou saudações, os fascistas (ao contrário dos comunistas) não conseguirem fechar a mão.
Problemas de articulações, presume-se.

21 fevereiro, 2006 13:40  
Anonymous Anónimo said...

Pois é! Mudam-se as vontades, mudam-se as verdades.
Cumprimentos.

21 fevereiro, 2006 16:17  
Blogger JSM said...

Caro FG Santos
Uma crónica oportuna. "Ai dos vencidos"!
Talvez fosse interessante alargar o debate aos 'julgamentos' organizados pelos vencedores. Por exemplo dos oficiais japoneses perante os justiceiros do 'bem e da verdade', os tais de Hiroshima e Nagasaqui, acontecimentos inevitáveis...para poupar imensas vidas!
E ainda há quem tenha argumentos para acrescentar alguma coisa?!
Raiva e dó, ou talvez dó, apenas.
Matem, mas digam que mataram. Assumam que todos matam, para seu proveito. Talvez Lancelot...

23 fevereiro, 2006 14:45  

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