A subversão
Uma coisa há que reconhecer à esquerda: a persistência. Já nos anos 30 do século passado um deputado maçon francês lançava, tonitruante e ameaçadoramente: «Familles, je vous hais» («Famílias, odeio-vos»). Marx e Engels, no "Manifesto do Partido Comunista"(1848) diziam (citação de memória): «Acusam-nos de querer acabar com a família? Sim, confessamo-nos culpados desse crime».
Entre a táctica selvagem e sanguinária de um Pol Pot, que separou filhos de mães e pais (estes destinados ou à morte imediata ou a trabalhos forçados), cumprindo "à bruta" o bruto objectivo marxista, e os discípulos de Gramsci, que, lenta mas decididamente, trataram de se infiltrar em todas as áreas da cultura, da política, da educação, e que foram minando o sistema familiar dito burguês, influenciando opiniões, tornando com o tempo aceitáveis propostas que fariam corar de indignação qualquer pacato cidadão até há bem poucas décadas, está bem de ver quem é que ficou em condições de impor duradouramente a sua agenda ideológica plenamente subversiva das tradições culturais ocidentais.
Os subversivos, que odeiam o Ocidente e pretendem demolir, alicerce a alicerce, tudo o que se não coadune com os seus sinistros projectos utópicos, sabem que o que hoje é inaceitável amanhã passará a tolerável e depois de amanhã será encarado como normal. A cada "peça" do seu programa que mais se aproxime desta última situação (quando o anormal se tornou normal) cabe o epíteto "avançado"; é assim que as sociedades que podemos classificar como mais permissivas não são caracterizadas por este último e reaccionário epíteto mas por o de "avançadas", precisamente. As "outras", são as mais atrasadas, retrógadas, reaccionárias.
Para um jovem de sangue na guelra, martelado da escola à televisão, dos livros ao cinema, por esta forma de ver o mundo, a opção é natural. Mesmo que seja anti-natural. Como dizia a letra de uma música de um grupo "prá frentex", «being against Nature / is part of Nature too».
Mas também sabemos que a Natureza, lentamente ou não, reage às agressões de que é alvo. Veremos se essa "reacção" chega a tempo de se evitar uma tragédia.
Entre a táctica selvagem e sanguinária de um Pol Pot, que separou filhos de mães e pais (estes destinados ou à morte imediata ou a trabalhos forçados), cumprindo "à bruta" o bruto objectivo marxista, e os discípulos de Gramsci, que, lenta mas decididamente, trataram de se infiltrar em todas as áreas da cultura, da política, da educação, e que foram minando o sistema familiar dito burguês, influenciando opiniões, tornando com o tempo aceitáveis propostas que fariam corar de indignação qualquer pacato cidadão até há bem poucas décadas, está bem de ver quem é que ficou em condições de impor duradouramente a sua agenda ideológica plenamente subversiva das tradições culturais ocidentais.
Os subversivos, que odeiam o Ocidente e pretendem demolir, alicerce a alicerce, tudo o que se não coadune com os seus sinistros projectos utópicos, sabem que o que hoje é inaceitável amanhã passará a tolerável e depois de amanhã será encarado como normal. A cada "peça" do seu programa que mais se aproxime desta última situação (quando o anormal se tornou normal) cabe o epíteto "avançado"; é assim que as sociedades que podemos classificar como mais permissivas não são caracterizadas por este último e reaccionário epíteto mas por o de "avançadas", precisamente. As "outras", são as mais atrasadas, retrógadas, reaccionárias.
Para um jovem de sangue na guelra, martelado da escola à televisão, dos livros ao cinema, por esta forma de ver o mundo, a opção é natural. Mesmo que seja anti-natural. Como dizia a letra de uma música de um grupo "prá frentex", «being against Nature / is part of Nature too».
Mas também sabemos que a Natureza, lentamente ou não, reage às agressões de que é alvo. Veremos se essa "reacção" chega a tempo de se evitar uma tragédia.
11 Comments:
Toda a razão, Caríssimo. É que sendo essencial à sobrevivência das várias Esquerdas a mentalidade de conflito, seja o concorrencial, o igualitário ou o libertário, o reduto onde ele muitas vezes é aplacado não lhes convém. Logo há, do ponto de vista deles, que destruir as solidariedades alienantes... que são todas, excepto as revolucionárias.
Ab.
Clap, clap, clap. Muito bem analisado FG.
"Os subversivos, que odeiam o Ocidente e pretendem demolir, alicerce a alicerce, tudo o que se não coadune com os seus sinistros projectos utópicos..."
Finalmente, uma condenação inequívoca dos mafométicos.
BRAVO!BRAVO!
:o)
Ó homem, qual tragédia qual carapuça!
Francamente, que dramatismo...
Não o sabia apocalíptico.
Eu, por mim, nestes assuntos 'morais', aí é que sou mesmo liberal e estou-me completamente a borrifar.
"... agenda ideológica plenamente subversiva das tradições culturais ocidentais."
As actuais 'tradições' ocidentais são, também elas, resultantes de cortes revolucionários.
Na altura em que se impuseram foram revolucionárias e geraram resistências.
A História da Europa isso demonstra.
Nada é imutável.
Nada.
"... é assim que as sociedades que podemos classificar como mais permissivas não são caracterizadas por este último e reaccionário epíteto mas por o de "avançadas", precisamente. As "outras", são as mais atrasadas, retrógadas, reaccionárias."
Parece-me óbvio o porquê disso e apoio incondicionalmente.
Tenha paciência, mas nisto estamos em completo desacordo.
Assim, e pegando num exemplo da actualidade, eu não hesito um segundo em classificar a Noruega, a Dinamarca, a França, a Suécia, a Holanda e a Espanha como sociedades Avançadas e o 'Mundo Islâmico' como, no mínimo, um antro do mais deplorável atraso e, em alguns casos, barbárie.
Curiosamente, ou talvez não, as sociedades Avançadas são também as mais prósperas e com melhor qualidade de vida. As outras...
Regra geral, quando um sociedade Atrasada (ou reaccionária, se preferir) 'evolui (através de um complexo processo) para sociedade Avançada, a prosperidade e a melhora da qualidade e condições de vida são óbvias e, depois, já ninguém que 'trocar'.
" Mesmo que seja anti-natural."
Não vá por aí.
Tudo o que existe na Natureza, sem intervenção da 'abstracção' humana é NATURAL, mesmo porque essas 'coisas' são preexistentes ao Homo Sapiens e vão continuar a existir depois da nossa inevitável (e NATURAL) extinção como espécie biológica.
O que á Natural ou Anti-Natural é a própria Natureza que define...não o Homem, que é apenas um animal como os outros, parte integrante da natureza e não distinto dela.
Sei que 'escandalizo' se calhar alguns que vão ler isto mas paciência. Não tenho feitio para hipocrisias, é assim que penso e não me afasto, nem um mílimetro, deste raciocínio.
Chamem-me o que quiserem: liberal, libertário,avançado,subversivo, prá frentex, libertino, gramsciano, permissivo, progressista, etc, etc....i don't care.
Não é uma questão de moda.
É uma questão de fundíssima convicção, crença e defesa de amplas liberdades individuais, da noção de que as sociedades não são estáticas e imutáveis,de que a Economia é o principal motor dessas mutações sociais e históricas (Marx não opinou, limitou-se apenas a constatar um facto, nada mais), de defesa de igualdade perante a Lei e de 'esferas minárquicas'.
Há quem goste, há quem não goste.
Mas nunca se pôde agradar a todos.
Paciência.
ps-Estas questões já nada têm a ver com a dicotomia saída da Convenção.
Nada mesmo.
Isso foi chão que deu uvas.
«Finalmente, uma condenação inequívoca dos mafométicos.» - Se ler o texto com atenção verá que não é a eles que me refiro.
...Como se o cancro atacasse de fora. Isto é a tal doença do umbigo! Os olhos só vêm para lá...
A Natureza encarregará o homem da sua própria natureza.
Conhecem a história do escorpião que queria atravessar o rio e pediu ajuda ao cágado?
O cagado respondeu - mas se te ajudar a atravessar tu espetas-me com teu veneno! Não, responde o escorpião, assim morreriamos os dois afogados. Convencido o cágado leva o escorpião na sua carapaça, a meio do percurso o escorpião espeta o veneno no cágado, este incrédulo diz - Mas agora vamos morrer os dois, porque fizeste isso? - Porque está na minha natureza!
Legionário
É interessante como alguns comentam como se fizessem posts e não acertam nem o tópico da questão.
A sua citação do «Manifesto Comunista» está truncada e portanto falsifica o pensamento de Marx.
Cito o «Manifesto ..»:
«Sobre o que repousa a família actual, a família burguesa? Sobre o capital, sobre o enriquecimento privado. Ela só existe com o seu pleno desenvolvimento para a burguesia; mas ela encontra o seu complemento na inexistência forçada da família entre os proletários e na prostituição pública.
«A família do burguês desaparece naturalmente com o desaparecimento do seu complemento e ambos desaparecem com o desaparecimento do capital» (Manifesto do Partido Comunista, pag 29).
Marx só preconiza a desaparição da família burguesa, não da família em geral.
Há, pois, que ler as coisas com isenção e medita-las sem demagogia, FG SAntos.
Mas que raio é a família burguesa? E em que é que é diferente da família "não-burguesa"?
NC
Ao anónimo: essa citação está correcta, a que se segue a frase que eu tinha (mal) em memória e que reza (desculpe a expressão!):
«Censurais-nos por querermos suprimir a exploração das crianças pelos pais? Confessamo-nos culpados deste crime.» E segue: «Mas, dizeis, suprimimos as relações mais queridas ao substituirmos a educação doméstica pela social.»
Perante isto, não sei em que é que subverti o pensamento marxista-engeliano, que propugna sem dúvidas nem hesitações a dissolução dos milenares laços familiares, em prol de uma utópica organização societal fortemente centralizada, inclusive nas relações entre parentes (uso o termo pois parece evidente a vontade de que a "família" desapareça como tal).
Mais à frente, proclama-se «para os países mais avançados» 10 medidas, entre as quais:
«8. Obrigatoriedade do trabalho para todos, constituição de exércitos industriais, em especial para a agricultura.»
Não venham agora dizer que o que se fez na URSS, na China e no Canbodja vai contra o que Marx e Engels propuseram há século e meio.
Excelente texto. É tanta gente a querer a liberdade total(até mesmo para contrariar a fisiologia humana)que se calhar não haverá dela para todos. Será que viveremos para ver aonde isto nos irá levar?
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