06 fevereiro 2006

Perante a morte

«Se eu tivesse tido vagar, concerteza que escrevia com este título a história dos dias em que vivi na cela dos condenados à morte, em Fresnes. Diz-se que não se olha de frente nem para o sol nem para a morte. Mas eu, por mim, tentei. Não tenho nada de estóico e custa muito arrancarmo-nos ao que amamos. Tentei, no entanto, não deixar uma imagem indigna àqueles que me viam ou pensavam em mim.
Os dias, sobretudo os derradeiros, foram ricos e plenos. Eu já não tinha muitas ilusões, sobretudo depois que soube da rejeição do meu pedido de indulto, rejeição que eu previ, aliás. Terminei o pequeno estudo sobre Chénier e escrevi ainda alguns poemas. Uma das minhas noites foi má e, de manhã, ainda eu velava. Mas nas noites a seguir dormi muito calmo. Nas três últimas noites, reli a narrativa da Paixão, todos os serões, em cada um dos quatro Evangelhos. Rezei bastante e era a oração, bem o sei, que me dava um sono calmo. De manhã, o sacerdote vinha trazer-me a comunhão. Eu pensava com doçura em todos aqueles que eu amava, em todos aqueles que encontrei na minha vida. Pensava, com desgosto, no desgosto deles. Mas tentava, o mais possível, aceitar.»

Robert Brasillach, 6 de Fevereiro de 1945.

2 Comments:

Blogger Paulo Cunha Porto said...

E já agora lembremos a dedicação de Bardéche, gastando o resto da sua longa vida a reabilitar a memória do Cunhado.
Sei que também gostas muito de «Notre Avant-Guerre». Pensemos em toda a vitalidade que dele ainda hoje se desprende, nesta data triste.
Abraço.

06 fevereiro, 2006 23:28  
Blogger Flávio Santos said...

Como fez o saudoso René de Chambrun em relação ao sogro, Pierre Laval.
Abraço.

06 fevereiro, 2006 23:59  

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