25 fevereiro 2006

Manuel Monteiro está de volta

Volta e meia ele dá notícias. Ele, é Manuel Monteiro, líder do PND e ex-líder do PP. Já nos primórdios do meu blogue disse o que achava do seu percurso político. A certa altura, Monteiro pareceu tentar agarrar-se a tudo o que lhe desse protagonismo. Os 40.000 votos do PND nas últimas legislativas foram o seu maior fiasco até agora.
Mas Monteiro sempre gostou de temas “fracturantes” (palavrão horroroso hoje muito em voga). E muitas vezes acerta nas críticas que faz. Não serei eu a lamentar que haja alguém que pretenda «a eliminação de toda a base programática e ideológica da Constituição, bem como a discussão da alteração profunda do sistema político português».
É verdade que o partido em que MM se formou politicamente, o CDS, foi o único a votar contra a Constituição da República em 1976. A AD conseguiu empurrar o Conselho da Revolução para o caixote do lixo da história, em 1982, ao passo que o PSD maioritário de Cavaco acabou com a irreversibilidade das nacionalizações, em finais dos anos 80 (!). De aí para cá as alterações constitucionais têm servido basicamente para prostituir o País, atirando-o para os braços de Bruxelas, a quem passámos a esmolar desavergonhadamente, enquanto liquidávamos alegremente os sectores produtivos tradicionais.
Mas a classe política e o dogma da «longa resistência do povo português ao fascismo», esses continuam bem defendidos na Constituição. Continuamos com um parlamento disparatadamente pletórico em termos de número de deputados, a lei eleitoral exige reforma mas ninguém se decide – e, claro, como em qualquer regime sustentado pr uma revolução, o dogma desta está logo plasmado no preâmbulo.
Aguardemos, então, para ver o resultado da démarche de Manuel Monteiro.

3 Comments:

Blogger Paulo Cunha Porto said...

Meu Caro FG Santos:
Sou, evidentemente, favorável à eliminação das bandeiras Abrilinas do texto. Mas uma constituição escrita, pela sua própria existência, é sempre um manifesto ideológico. Que saudades da Constituição Essencial, das Leis Gerais do Reino, dos Nossos Avós, ou da "constituição", em sentido material, britânica.
Infelizmente, é capaz de ser tentativa de se dar nova vida, por um político ameaçado de esquecimento.

26 fevereiro, 2006 21:30  
Anonymous Anónimo said...

«No entanto, o líder da Nova Democracia não exclui que essa plataforma política possa evoluir para um futuro entendimento eleitoral.»

O JN, na mesma página em que dava conta desta notícia, dava conta de uma outra sobre o mal-estar dentro do CDS. Estará no horizonte uma reorganização do espectro político-partidário português?

NC

01 março, 2006 01:51  
Blogger Flávio Santos said...

É possível, a falta de carisma do novo líder do CDS-PP, a par da sua aproximação ao centro devem estar a fazer ranger muitos dentes lá pelo Largo do Caldas.

01 março, 2006 09:56  

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