17 novembro 2005

Liberalismo e decadência

O blogue "Arte da Fuga" publicou excertos de declarações ou reflexões de Winston Churchill, tentando mostrar como o "bulldog" não era propriamente o arquétipo do liberal.
Uma das frases chamou-me particularmente a atenção: «I do not want to see impaired the vigor of competition, but we can do much to mitigate the consequences of failure. We want to draw a line below which we will not allow persons to live and labor, yet above which they may compete with all the strength of their manhood. We want to have free compethion upwards; we decline to allow free competidon to run downwards. We do not want to pull down the structures of science and civilization, but to spread a net over the abyss.».
Quando observamos as consequências da globalização sobre as sociedades mais desenvolvidas só podemos dar razão aos receios de Churchill: a abolição de fronteiras com países com condições de vida e regalias sociais menos generosas tem conduzido ao aumento do desemprego nos países mais avançados e ao abaixamento médio das condições de contratação de pessoal por parte das empresas. Precisamente aquilo que Churchill, legitimamente, rejeitava.

5 Comments:

Blogger AA said...

Isso acontece porque os países em vias de desenvolvimento adoptaram modelos (parcialmente) liberais, e nós escudámo-nos no mais pernicioso socialismo. Eles crescem, nós definhamos. É uma opção.

17 novembro, 2005 16:29  
Blogger Rodrigo N.P. said...

Não, isso acontece porque a liberalização comercial só se traduz num jogo de soma positiva quando as economias em consideração são relativamente similares economica e politicamente.O liberalismo que seria necessário para evitar o cenário descrito pelo FG SAntos implicaria a abdicação de direitos sociais que fazem da Europa um espaço distinto dos países do terceiro mundo já que esses países competem pela via dos baixos salários e pela inexistência de redes sociais abrangentes ou legislação laboral.Para alguns libertários isso é irrelevante porque as camadas mais pobres das populações europeias são olhadas meramente como consumidores e nada mais.

17 novembro, 2005 18:28  
Blogger Flávio Santos said...

«(...) a liberalização comercial só se traduz num jogo de soma positiva quando as economias em consideração são relativamente similares economica e politicamente» - isto tem pano para mangas quando vemos, por exemplo, o impacto da abertura de fronteiras imposto pela então CEE em vários sectores tradicionais portugueses e em particular pela concorrência espanhola. Não se pode dizer que houvesse similitude económica entre os dois países mas também a divergência não era de monta, só que os espanhóis têm um mercado interno maior (o efeito de escala é à partida outro) e por outro gozam de apoios dissimulados por parte do seu governo, como na agricultura, de resto como os "campeões" do liberalismo: os EUA.
Em relação ao que o Rebatet disse sobre a concorrência do terceiro mundo estou inteiramente de acordo.

17 novembro, 2005 18:35  
Blogger vs said...

" a liberalização comercial só se traduz num jogo de soma positiva quando as economias em consideração são relativamente similares economica e politicamente"

Desculpe lá Rebatet, mas tal não é verídico.
Nos anos 60/70, quando a Coreia do Sul iniciou o seu processo de industrialização, os salários dos coreanos eram, comparativamente, muito piores que os dos chineses da actualidade.
Actualmente, a República da Coreia do Sul tem um nível de vida superior ao português e, se estivesse na UE, seria um país do famigerado 'pelotão da frente', deixando alguns países europeus bem para trás.
Empresas como a Samsung ou a LG Electronics (que se dedicam inclusivà à inovação, criação e patenteamento) são capazes de movimentar mias dinheiro do que muito Estados.
Já nem falo no Japão...e mais casos há.
Num espaço de tempo mais breve do que à primeira vista parece, também a China, o Brasil (que já é uma grande economia) e a Índia vão elevar, substancialmente, o seu nível salarial.

"O liberalismo que seria necessário para evitar o cenário descrito pelo FG SAntos implicaria a abdicação de direitos sociais que fazem da Europa um espaço distinto dos países do terceiro mundo..."

Está a querer insinuar que o Reino Unido e os EUA são países do 3º Mundo? :o)
É que nesses países, o tão propalada 'modelo social europeuu' é desconhecido (no caso do RU desde os governos Tatcher).

As economias em globalização tendem a a ter um 'ponto de convergência' em algo que será bastante similar ao modelo económico-social anglo-saxão.
As economias são dinâmicas, não estáticas.
O modelo social europeu só funcionou graças numa época histórica muito peculiar e em condições que serão de dificílima repetição.
É a insistência obstinada na manutenção de tal 'mamute' que está a travar terrívelmente a economia europeia.

Muito sinceramente, não me repugna nada o modelo economico-social inglês ou o modelo americano.
Apesar do que diz a parafernália de propaganda do 'reviralho canhoto', a realidade é que, se compararmos a UE com os EUA (por exemplo), verificamos que, proporcionalmente:

- há mais pobres na UE.
- a UE tem mais do dobro do desemprego.
- a taxa de natalidade nos EUA é superior à da UE em todos os grupos étnicos, (daí alguns dizerem que o único sítio em que os 'brancos' estão a 'prosperar' é nas Américas.)

Não me parece que os resulrado sejam assimtão maus e o Liberlismo sej assim tão grnade 'Inferno na Terra'....ou preciso recordar os MILHARES de 'cérebros' (investigadores, cientistas,etc...) que todos os anos, infelizmente, a Europa perde em detrimento do 'Grande Satã' e a Europa Continental perde em detrimento da velha Albion?

O futuro da Europa pode ser diferente e brilhante, se se arrepiar caminho.
Mais grave que errar, é preserverar obstinadamente no erro.

" as camadas mais pobres das populações europeias são olhadas meramente como consumidores e nada mais."

São consumidores, produtores e PESSOAS.
Para terem uma vida digna, para serem integrados na economia como membros produtivos e participativos da sociedade, é necessário proceder a REFORMAS que possam dinamizar o mercado de trabalho e as estruturas sociais...e não insistirmos nestas fórmulas socializantes de 'aspergir subsídios e deitar dinheiro pra cima dos problemas'.
Nada se resolve, tudo se agrava, e a preguiça, o marasmo, a profissionialização da mendicidade ao Estado (o Estado Papá-dá-dinheirinho-aos-meninos-pra-estarem-em-casa-a-coçar-os-tomates) aumenta, sufocando as economias.

ps: soube, não há muito tempo, que na Suécia (outrora o 'farol' do tal 'modelo social), o maior hospital do país.....é já um Hospital que, embora público, tem gestáo privada. Virou um SA.

;)

18 novembro, 2005 02:50  
Blogger vs said...

Por tudo isto, presumo mesmo que Max Weber estava cobertinho de razão....mais precisamente os calvinistas.

18 novembro, 2005 02:52  

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