Bellas Artes ou Gugenheim?
A minha estadia em Bilbao (Bilbo em basco) não me deixou muito tempo livre para explorar a cidade, de modo que as impressões que aqui ficam são bastante limitadas.
A renovação urbana da cidade nas últimas décadas (pensada e levada a cabo por um grupo de empresários, banqueiros, políticos) deu-lhe um ar menos decadente e mais virado para o futuro. A zona do porto foi alvo de grandes intervenções, o Museu Gugenheim tornou-se imagem de marca da "nova Bilbao", os prédios limpos e as avenidas rearranjadas afastaram um pouco a imagem da cidade escura e feia.
Imagem que rapidamente nos volta quando passamos pelos subúrbios, densamente povoados (Barakaldo, Sestao, etc.), com prédios extremamente feios, escuros e altos, plantados um pouco ao acaso, alguns quase "em cima" da via rápida (autopista), arvorando inclusive faixas com dizeres como "Autopista fuera", "Basta de engaños", "Basta de ruído"... O facto de a grande Bilbao ser uma zona de grande indústria contribuíu para o aumento populacional e para o crescimento destes subúrbios e para a degradação geral com o colapso e redimensionamento das actividades produtivas. O trânsito é, a meu ver, uma verdadeira praga, dado que há muitas ruas estreitas que não dão fluidez ao tráfego.
A cidade propriamente dita não tem uma grande extensão e os pontos de interesse não são numerosos: algumas igrejas, museus (o Gugenheim, já citado, Bellas Artes, Arte Sacra, Arqueológico), a zona portuária, a zona velha.
Ao contrário do que testemunhei em Barcelona com o catalão, a língua basca não tem grande utilização em Bilbao (certamente não se passará o mesmo em outras cidades e sobretudo em meio rural). Apesar de as informaçãoes gerais serem bilingues, a povoação privilegia o castelhano no dia a dia, até porque os mais velhos não beneficiaram da aprendizagem da língua (disponível já só nos anos 80). Houve uma tentativa de uniformização desta (dadas as variantes locais) e é o resultado desse trabalho que é ministrado nas escolas.
Bilbao, num aspecto particular, parece uma cidade europeia "à antiga"- quase não se vê imigrantes: um negro aqui, um asiático acolá, um ou outro ameríndio... Já para os amantes do belo sexo a cidade não está mal provida de atractivos...
O atendimento em hotéis, restaurantes, lojas, táxis é muito bom: afabilidade, prestabilidade, educação, simpatia. Achei curioso o facto de nos restaurantes, ao contrário do que é habitual em outras zonas de Espanha, as pessoas não falarem alto, não havendo aquele ruído permanente de comensais em grande animação a falar a 200 à hora.
Não vi sinais de actividades independistas ou de simpatizantes do terrorismo etarra, a única manifestação (com não mais de 20 pessoas) que encontrei era a respeito da situação do Sahara Ocidental.
Lamentavelmente não arranjei tempo para visitar o Museu de Bellas Artes, com uma colecção alargada em termos temporais (Van Dyck, El Greco, Cézanne...), que preferiria ao modernismo do Gugenheim - questão de gosto e sensibilidade estética.
As minhas compras limitaram-se às secções de discos (três CDs de compositores bascos que desconhecia mais a edição comemorativa dos 25 anos - estou velho! - do histórico "Ocean Rain" dos Echo and The Bunnymen), livros (infantis para os meus petizes e um sobre Bilderberg) e brinquedos... Já que falamos em livros, as edições de não-ficção mais em destaque não surpreendem pelos temas: Franco, guerra civil, ETA, independentismo basco, islamismo - e Sudoku.
Ao contrário de Barcelona, Bilbao, embora não deixe uma recordação desagradável, não é uma cidade que tenha ficado no roteiro dos lugares a revisitar.
A renovação urbana da cidade nas últimas décadas (pensada e levada a cabo por um grupo de empresários, banqueiros, políticos) deu-lhe um ar menos decadente e mais virado para o futuro. A zona do porto foi alvo de grandes intervenções, o Museu Gugenheim tornou-se imagem de marca da "nova Bilbao", os prédios limpos e as avenidas rearranjadas afastaram um pouco a imagem da cidade escura e feia.
Imagem que rapidamente nos volta quando passamos pelos subúrbios, densamente povoados (Barakaldo, Sestao, etc.), com prédios extremamente feios, escuros e altos, plantados um pouco ao acaso, alguns quase "em cima" da via rápida (autopista), arvorando inclusive faixas com dizeres como "Autopista fuera", "Basta de engaños", "Basta de ruído"... O facto de a grande Bilbao ser uma zona de grande indústria contribuíu para o aumento populacional e para o crescimento destes subúrbios e para a degradação geral com o colapso e redimensionamento das actividades produtivas. O trânsito é, a meu ver, uma verdadeira praga, dado que há muitas ruas estreitas que não dão fluidez ao tráfego.
A cidade propriamente dita não tem uma grande extensão e os pontos de interesse não são numerosos: algumas igrejas, museus (o Gugenheim, já citado, Bellas Artes, Arte Sacra, Arqueológico), a zona portuária, a zona velha.
Ao contrário do que testemunhei em Barcelona com o catalão, a língua basca não tem grande utilização em Bilbao (certamente não se passará o mesmo em outras cidades e sobretudo em meio rural). Apesar de as informaçãoes gerais serem bilingues, a povoação privilegia o castelhano no dia a dia, até porque os mais velhos não beneficiaram da aprendizagem da língua (disponível já só nos anos 80). Houve uma tentativa de uniformização desta (dadas as variantes locais) e é o resultado desse trabalho que é ministrado nas escolas.
Bilbao, num aspecto particular, parece uma cidade europeia "à antiga"- quase não se vê imigrantes: um negro aqui, um asiático acolá, um ou outro ameríndio... Já para os amantes do belo sexo a cidade não está mal provida de atractivos...
O atendimento em hotéis, restaurantes, lojas, táxis é muito bom: afabilidade, prestabilidade, educação, simpatia. Achei curioso o facto de nos restaurantes, ao contrário do que é habitual em outras zonas de Espanha, as pessoas não falarem alto, não havendo aquele ruído permanente de comensais em grande animação a falar a 200 à hora.
Não vi sinais de actividades independistas ou de simpatizantes do terrorismo etarra, a única manifestação (com não mais de 20 pessoas) que encontrei era a respeito da situação do Sahara Ocidental.
Lamentavelmente não arranjei tempo para visitar o Museu de Bellas Artes, com uma colecção alargada em termos temporais (Van Dyck, El Greco, Cézanne...), que preferiria ao modernismo do Gugenheim - questão de gosto e sensibilidade estética.
As minhas compras limitaram-se às secções de discos (três CDs de compositores bascos que desconhecia mais a edição comemorativa dos 25 anos - estou velho! - do histórico "Ocean Rain" dos Echo and The Bunnymen), livros (infantis para os meus petizes e um sobre Bilderberg) e brinquedos... Já que falamos em livros, as edições de não-ficção mais em destaque não surpreendem pelos temas: Franco, guerra civil, ETA, independentismo basco, islamismo - e Sudoku.
Ao contrário de Barcelona, Bilbao, embora não deixe uma recordação desagradável, não é uma cidade que tenha ficado no roteiro dos lugares a revisitar.
10 Comments:
Bares y cafeterias sin berridos (como en Portugal y en Francia).
La narración del sr. FG Santos recuerda un poco la forma de narrar del Sr. Edmundo Moreira Tavarés del Weblog "Soy un perro callejero".
Estimado FGSantos
Já que teve o cuidado de observar que Bilbau se diz/escreve Bilbo na língua basca, bem poderia designá-la correctamente em português e não em castelhano: Bilbau e não Bilbao.
AM
¿Qué tal comió?
Muy bien: chuleta de ternera, bacallao alla vizcayna, tociño del cielo, siempre un bueno Rioja...
En resumidas cuentas...¿Lo pasó bien, no?
Por supuesto!
engraçado.
O descrito corresponde exactamente às minhas impressões de Bilbao, pelas diversas vezes que a visitei, ou por ela passei ocasionalmente.
Tiene más encanto San Sebastián.
Merete Eldrup, um dos directores do jornal que publicou o cartoon, o Morgenavisen Jillands-Post, é esposa de Anders Eldrup, presidente da DONG, companhia de gás dinamarquesa e participante do secretivo Grupo Bilderberg nos últimos 5 anos.
Enviar um comentário
<< Home