Globalização e descaracterização nacional
Há uns anos, quando ainda era líder do MSI (Movimento Sociale Italiano), Gianfranco Fini declarou qualquer coisa como «a Europa independente cultural e politicamente morreu com o fim da II Guerra Mundial». Escusado relembrar o escândalo que estas palavras provocaram. Fini queria obviamente salientar o papel a seu ver nocivo que a promoção da cultura e dos valores dos EUA tiveram no modo de vida, nas atitudes, na cultura (em sentido lato) europeias.
Já o seu ex-mentor Benito Mussolini proclamara que «no dia em que a Alemanha, um país de assassinos, invadir a Europa, será o fim da sua civilização».
Vem este preâmbulo a propósito da análise que o nosso caro Viriato faz do papel da globalização na degradação da cultura portuguesa, do sentir português, que subscrevemos no geral, pese alguma pertinência do nosso amigo Corcunda na sua análise.
Nenhum país vive isolado e ao longo da sua história o nosso deu mostras mais que suficientes disso mesmo. Ao encontrar-se com outras culturas, ao assimilar componentes destas na sua própria vivência, Portugal tornou-se um dos países mais abertos do seu tempo. A par da difusão da fé, como habitualmente estavam objectivos de expansão comercial, de conquista de mercados. Como hoje.
Qual será então a ameaça que a “globalização” representa para um país pequeno como o nosso e que sempre esteve aberto ao Mundo? Por um lado, isso mesmo: o facto de, hoje, sermos um país pequeno; por outro, como qualquer outro país europeu, asiático, africano, estarmos imersos num mundo cada vez mais homogéneo, o que não tem paralelo na história: desde o que vestimos ao que consumimos (um habitante de Serzedelo é capaz de comer ao pequeno almoço os mesmo “corn flakes” que um habitante de Mumbay) e, sobretudo, ao que fazemos (o trabalho tem hoje em dia praticamente os mesmos moldes em toda a parte, seja na indústria, seja nos serviços, com procedimentos e normas homogéneos, com ferramentas e utensílios homogéneos, com práticas empresariais homogéneas) é toda uma vivência cada vez menos particularizada. As excepções que os próprios actores políticos e económicos admitem são mais uma concessão simbólica aos localismos que uma prática convicta.
A constituição de grandes blocos comerciais (Mercosul) e comerciais-políticos (UE) mais tende a agravar a situação, dado que constituem sub-homogeneizações dentro da homogeneização global, diluindo cada vez mais todos os apports genuínos que cada país pode dar à civilização.
A tecnologia é, assim, um meio de prossecução dessa homogeneização, permitindo contactos permanentes entre todas as partes do mundo. O homem-nómada-económico é uma realidade. Será por isso que Karl Marx, insuspeito de anti-semitismo, dizia que «o judeu liberta-se na precisa medida em que o cristão se torna judeu»?
Já o seu ex-mentor Benito Mussolini proclamara que «no dia em que a Alemanha, um país de assassinos, invadir a Europa, será o fim da sua civilização».
Vem este preâmbulo a propósito da análise que o nosso caro Viriato faz do papel da globalização na degradação da cultura portuguesa, do sentir português, que subscrevemos no geral, pese alguma pertinência do nosso amigo Corcunda na sua análise.
Nenhum país vive isolado e ao longo da sua história o nosso deu mostras mais que suficientes disso mesmo. Ao encontrar-se com outras culturas, ao assimilar componentes destas na sua própria vivência, Portugal tornou-se um dos países mais abertos do seu tempo. A par da difusão da fé, como habitualmente estavam objectivos de expansão comercial, de conquista de mercados. Como hoje.
Qual será então a ameaça que a “globalização” representa para um país pequeno como o nosso e que sempre esteve aberto ao Mundo? Por um lado, isso mesmo: o facto de, hoje, sermos um país pequeno; por outro, como qualquer outro país europeu, asiático, africano, estarmos imersos num mundo cada vez mais homogéneo, o que não tem paralelo na história: desde o que vestimos ao que consumimos (um habitante de Serzedelo é capaz de comer ao pequeno almoço os mesmo “corn flakes” que um habitante de Mumbay) e, sobretudo, ao que fazemos (o trabalho tem hoje em dia praticamente os mesmos moldes em toda a parte, seja na indústria, seja nos serviços, com procedimentos e normas homogéneos, com ferramentas e utensílios homogéneos, com práticas empresariais homogéneas) é toda uma vivência cada vez menos particularizada. As excepções que os próprios actores políticos e económicos admitem são mais uma concessão simbólica aos localismos que uma prática convicta.
A constituição de grandes blocos comerciais (Mercosul) e comerciais-políticos (UE) mais tende a agravar a situação, dado que constituem sub-homogeneizações dentro da homogeneização global, diluindo cada vez mais todos os apports genuínos que cada país pode dar à civilização.
A tecnologia é, assim, um meio de prossecução dessa homogeneização, permitindo contactos permanentes entre todas as partes do mundo. O homem-nómada-económico é uma realidade. Será por isso que Karl Marx, insuspeito de anti-semitismo, dizia que «o judeu liberta-se na precisa medida em que o cristão se torna judeu»?
4 Comments:
Excelente postal.
hum :/
a seu tempo comentarei no aAdF
O problema, a meu ver, não está na técnica, mas nas ideologias que se escondem por trás da técnica como os estruturalismos e funcionalismos. As técnicas não nos dizem como viver...´
O problema está em que, pelo facto de se poder falar com o outro lado do mundo com facilidade, se achar que nós e eles somos a mesma coisa! Ou pior, que não há uma razão profunda, apenas técnica, para eu ser quem sou!
Caro FgSantos
Aqui está um postal muito bem escrito, com vários temas que me interessam, embora tenha apenas uma visão instintiva destas coisas. O postal é excelente com referiu o nosso consócio. Faço , se me permite a seguinte ressonância: - em primeiro lugar de facto a Europa perdeu a guerra ,e, digam o que disserem, temos vivido esse pós-guerra sob o punho de ferro do marxismo e sob o punho de renda do Tio Sam. A outra questão refere-se à técnica 'acima de tudo'. Estou com o Corcunda, se o entendi, pela necessidade de escapar a esse tremendo e desumano colonialismo, que se traduz numa imensa força, mas ao mesmo tempo numa enorme fraqueza.
Para lutar contra isso restam-nos as catacumbas e andar de burro como o Bin Laden, passe o exemplo infeliz. E sem relógio. E por aqui na blogosfera, por enquanto.
Um abraço e que me desculpe se fugi à questão.
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