21 janeiro 2006

A esquerda anglo-saxónica e o comunismo

A propósito de uma reconciliação tardia do Jansenista com Bob Dylan, por este não se ter feito porta-voz dos comunistas americanos, comentei que «aquilo a que comodamente podemos chamar a esquerda dos países anglo-saxónicos não tem uma relação tão ambígua com o comunismo como a dos países latinos. Como Joan Baez, que em paralelo com Nixon, criticava o regime soviético sem meias palavras.» Não por acaso, essa clareza de posições face ao comunismo em países como os EUA, a Inglaterra, a Holanda, contribuiu para a sua expressão mínima, sem qualquer eco na população.
Já em França, Portugal, Espanha, Itália a esquerda dita democrática sempre alinhou com o comunismo quando lhe conveio e mesmo culturalmente gosta de encontrar afinidades com aqueles que nunca se chocaram com os crimes soviéticos, chineses, cambodjanos e muitos outros. Gosta de falar de “causas comuns”, de “ícones comuns”, na luta contra a “exploração”, o “racismo”, o “fascismo”, etc., etc.
Por falar em Cambodja: em 1996 estive no sul de Inglaterra (Portsmouth, Winchester, Arundel...). Certo dia, ao pequeno almoço, folheava o “Guardian”, sempre fiel aos trabalhistas. Na primeira página noticiava-se (o que se veio a verificar falso) que Pol Pot, o sanguinário líder dos khmers vermelhos, teria falecido em consequência de uma picadela do mosquito da malária. A caricatura que acompanhava a notícia mostrava um insecto todo satisfeito, exclamando: «I got the bastard”!